Já lhe aconteceu assistir a uma conferência e, no final, pensar para consigo que não percebeu nada do que o orador disse? Ou receber um e-mail, lê-lo de trás para a frente e mesmo assim não conseguir compreender o seu assunto? Eu já e muitas vezes! Há oradores que falam, falam e dizem pouco ou então usam palavras tão difíceis e um discurso tão opaco, que a mensagem não passa da primeira fila. Há também e-mails que mais parecem enigmas da Agatha Christie, com frases longas, parêntesis intermináveis, parágrafos que são autênticos labirintos.
Descomplicar, tornando simples mensagens complexas, é uma missão que, a priori, parece fácil, mas só os bons comunicadores conseguem.
No artigo de hoje, falarei sobre uma das qualidades centrais da comunicação: a clareza.
1. Use palavras simples
As palavras são a matéria-prima da comunicação, por isso, devemos escolhê-las criteriosamente em função do nosso interlocutor. É para ele que falamos ou escrevemos, verdade?
Para que qualquer mensagem seja eficaz e cumpra o seu objetivo, as palavras não devem ser difíceis e desconhecidas, uma vez que dificultam a compreensão da mensagem e desmotivam quem a recebe. Por exemplo, para quê usar a palavra monitorização, em vez de controlo? Ou o verbo agudizar, em vez de piorar? Ou a palavra inviabilização, em vez de impedimento?
Evite o uso exibicionista de palavras eruditas e complicadas e opte sempre por palavras simples, comuns e reconhecidas instantaneamente pelo seu interlocutor, para que a comunicação flua como um rio e não se torne uma difícil escalada no Everest!
2. Use frases curtas
Além de palavras simples, utilize também frases curtas. O seu interlocutor deseja compreender de imediato o que lê ou ouve, quer receber a mensagem com prazer e sem esforço.
Frases demasiado longas são um tropeço ao processamento da mensagem, por isso, use frases breves, na ordem direta (sujeito, predicado, complementos), para serem facilmente entendidas.
Para quê dizer “indisponibilidade temporária dos serviços de eletricidade”, se pode dizer “falta de luz”? Ou “alcançar uma vitória eleitoral”, se é muito mais simples dizer “ganhar as eleições”?
Descomplique sempre o seu discurso. O seu interlocutor ficar-lhe-á muito agradecido!
3. Seja breve e objetivo
Comunicar com clareza é também respeitar a memória do seu interlocutor. Textos e discursos longos e demasiado palavrosos são a desculpa perfeita para ele desistir de o ouvir ou ler, por isso, se quer mantê-lo consigo, então seja breve e objetivo!
Um bom comunicador é aquele que consegue transmitir uma mensagem útil e interessante num
curto período de tempo.
Respeitar o tempo de quem o ouve é mais do que lhe agradar. É dar-lhe honra.
4. Evite terminologia técnica
Evite também utilizar termos técnicos quando comunica, mas se a situação assim o exigir, deverá sempre explicitar esses termos, usando exemplos claros, preferencialmente.
Se um médico, ao falar com um paciente,usar os termos ablepsia e síncope, deverá ter o cuidado de explicitar o seu significado: “cegueira” e “desmaio”, respetivamente.
Lembre-se: a comunicação não deve ser uma corrida de obstáculos, por isso, por mais complexa que seja a mensagem, um bom comunicador é aquele que a consegue sempre descomplicar.
A comunicação não deve ser uma difícil escalada no Evereste, mas deve, sim, fluir como um rio. Assim, por mais complexa que seja a sua mensagem, abrevie, simplifique e descomplique, sempre.
E lembre-se: a comunicação não é acerca do que dizemos. É, sim, acerca do que os outros compreendem sobre o que dizemos.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.