A grandeza de um homem ou de uma mulher não está no seu poder, estatuto socioeconómico e financeiro, na quantidade de bens materiais que possui, nível de formação, sucesso, beleza… está na sua capacidade de se amar e de amar o próximo.
Há quase dois mil anos atrás, o Maior Mestre de todos os tempos, Jesus Cristo, já o afirmava como o segundo maior mandamento. (Bíblia, João F. Almeida, Mateus 22.39)
Que diferenças existiriam se tivéssemos presentes as suas palavras a cada inspiração, especialmente nas nossas relações amorosas e familiares? E nas relações de amizade, de trabalho e pessoais?
E como seria o Mundo? Certamente um lugar bem mais pacífico, com pessoas mais solidárias, altruístas e humanistas.
Porque será que Jesus em vez de dizer “Amarás o próximo como a ti mesmo” não disse: “Ama o próximo como a ti mesmo”. Porque será que o verbo amar se encontra no tempo futuro?
Será que a nossa capacidade de amar o outro está e estará sempre vinculada à nossa capacidade de nos amarmos a nós mesmos?
Acredito que sim, que a mensagem de Jesus pode ser interpretada no sentido de que amarmo-nos é condição para amarmos os outros. Parece-me, igualmente, que o tempo futuro pode indicar que podemos sempre decidir amarmo-nos mais e amar mais os outros.
Mas, também pode perguntar-se:
Se estou numa relação e decido amar-me mais, isso pode fazer com que comece a pensar mais em mim, a dedicar mais tempo ao que gosto de fazer, a focar-me mais nos meus objetivos… e isso não é egoísmo ou egocentrismo?
Não, desde que encontrado um equilíbrio. Não, não é egoísmo, é inteligência amorosa, vai enriquecer a relação e é um fabuloso “antídoto” contra relações de apego e dependência emocional.
A crença perversa de que estar numa relação implica deixar de pensar em si e de ter uma vida, para passar a pensar no outro e viver a vida do outro, pode ter consequências dramáticas ao nível do seu amor por si e na forma como experiência o amor e as relações.
Se iniciar uma relação amorosa para si significa não se amar tanto ou mesmo deixar de se amar, o melhor mesmo é ficar sozinho até compreender porque a sua mente lhe diz que tem de viver o Amor e uma relação segundo essa perspetiva.
Penso que uma das grandes dificuldades do homem do século vinte e um é não SABER AMAR-SE BEM. Pensa que se ama, mas não se ama! Consequentemente, tem medo de amar e de se deixar amar.
Mas não só! Também não sabe conduzir nas “avenidas dos seus pensamentos” e gerir as suas emoções.
Uma sociedade altamente mecanizada e computorizada, dita de comunicação, mas desconhecedora da importância da construção do amor próprio e auto valorização, das consequências da sua ausência, “analfabeta” em termos emocionais e com milhões de pessoas na mais profunda solidão. Uma sociedade em que a doença mental é cada vez mais notória.
Talvez o grande desafio que a humanidade enfrenta hoje seja o de cada ser humano.
Aprender a amar-se mais como um Ser único, deslumbrante e maravilhoso, respeitar-se mais, valorizar-se mais, reconhecer a sua complexidade, capacidades, dons, talentos, aptidões, recursos extraordinários;
Aprender a conhecer e a gerir as suas emoções, a saber controlar a sua frustração e impulsividade, a expressar os seus sentimentos, a comunicar de forma não violenta as suas ideias e pensamentos, a aceitar e respeitar a diferença, a colocar-se no lugar do outro, a mediar os conflitos, a não viver de ressentimentos e magoas passadas e não antecipar futuros catastróficos;
Aprender a auto respeitar-se, a desafiar-se em vez de se queixar e vitimizar, a auto perdoar-se, a aceitar-se e aceitar os seus erros, a ter auto compaixão, a não se culpabilizar e recriminar repetidamente, a sentir gratidão, a confiar em si, a gostar de si, ainda que com uns kilinhos a mais, a recompensar-se e auto reforçar-se, a olhar para si e para os outros com os olhos cheios de Amor.
Aprender que, apesar de não ter conhecido o amor em casa, está sempre a tempo de o aprender e sentir. Não existe um tempo limite para conhecer o Amor por si, amar-se e amar o próximo. Cada momento é momento de o fazer acontecer na sua vida.
Daqui a alguns anos, se todas estas aprendizagens forem ensinadas nas famílias e nas escolas, desde a infantil, no ensino básico e secundário, e forem devidamente interiorizadas, então todos saberão o que significa amar-se, amar o próximo de verdade e ter relações significativas baseadas não em “Amor de fingir”, mas em Amor de verdade.
Estas são as matérias mais importantes na vida de qualquer criança e adolescente pois do seu conhecimento e aprofundamento dependem o seu desenvolvimento harmonioso, a sua saúde mental, a qualidade das suas relações e a sua felicidade.
Amar-se é uma decisão, é uma estrada na qual escolhe caminhar todos os dias da sua vida. Uma estrada com uma vista maravilhosa em que os tropeços são percecionados como testes a esse mesmo amor, reforçando-o mais e mais a cada dia.
Quando Jesus disse “Amarás” creio que o grande segredo que ele nos queria revelar é que ninguém consegue amar outro alguém se não se amar primeiro, e pode e deve lançar-se o desafio diário de se reinventar no que respeita a amar-se e amar os outros.
Ao longo de todos estes anos a acompanhar casais pude constatar que uma das maiores causas de muitas centenas de relações assentarem em verdadeiros precipícios é esta falta de Amor a si próprio, débil autoestima, autoimagem, autoconfiança, e como resultado uma tremenda insegurança, constantemente projetada no outro.
Só quem se consegue dar amor a si e amar-se, consegue sentir o amor do outro e dar amor ao outro.
Só quem tem capacidade de se amar, conseguirá amar e deixar-se amar pelos outros.
Muitos dos conflitos nas relações amorosas deflagram por medo da rejeição e perda, necessidade de culpar, controlar, dominar e inseguranças de vária ordem que podem ter origem na escassez de Amor a si próprio.
Muitas pessoas, mesmo sem ter consciência, escolhem viver numa espécie de “bolha de desamor a si próprio” sendo-lhes muito difícil, senão mesmo impossível, sentirem-se amadas e especialmente, fazer com que os outros se sintam respeitados, valorizados e amados. A insatisfação permanente e a exigência desmedida e as explosões emocionais podem ser o seu padrão de comportamento.
No que respeita à realidade que todos estamos a viver, embora ainda não tenha sido comprovado e mundialmente declarado que esta pandemia foi premeditada e manipulada, pode ser observada como um crime hediondo, organizado por “elites psicopatas” com imensurável poder, o qual reflete a total ausência de Amor ao próximo. Mas será apenas falta de amor ao próximo?
Um psicopata é uma pessoa que não sabe o significado da palavra Amor, da expressão amar-se, muito menos amar o outro.
No mundo infelizmente existem muitos psicopatas e a maioria carrega uma “artilharia pesada de armas psicológicas”. Quanto a estes, não se auto engane em querer salvá-los. Não está a viver um grande amor, está a viver um filme de terror.
Sabemos que a sociedade de consumo potencia o aparecimento deste tipo de transtornos, uma vez que assenta em interesses económicos, não em afetos. O perigo é fazer depender o amor que sente por si e pelos outros do poder, do dinheiro, do sucesso e dos bens que tem ou têm.
Sabia que muitas das mensagens que lemos nos outdoors e que vemos e ouvimos na televisão se alojam fulminantemente no nosso inconsciente e podem fazer com que tenha a sensação de que não tem razões para gostar de si e se amar porque lhe falta a,b,c,d…?
Ainda esta semana estava a ver um programa no canal História sobre o atual líder da Coreia do Norte. Mandou matar o seu próprio tio pois constituía uma ameaça ao seu poder totalitário. E perguntei-me: Será que esta pessoa algum dia soube o que era amor por si. Não creio.
O primeiro mandamento dado por Jesus é amar a Deus. O segundo, amar o próximo como a si mesmo. Se alguns homens se veem como Deuses e muitos outros não se amam e, consequentemente, não amam o próximo, como queremos encontrar a paz, a segurança, a alegria e a felicidade?
Os homens são “convidados” neste planeta e creio que a maior missão de cada um de nós é descobrir todos os dias como se amar mais, pois só nessa continua descoberta, conseguiremos amar mais o próximo.
Se nos amarmos mais, é impossível não amarmos mais o próximo, pois o amor que sentimos vai refletir-se nas nossas palavras, comportamentos, atitudes, gestos…forma de Ser e Estar.
Memorize:
Amará o próximo, na justa medida em que se ama a si mesmo!
O próximo irá amá-lo tanto quanto se ama a si mesmo!
Sabe porquê?
Porque não aceitará menos Amor do que aquele que pensa merecer!