Sabe o que acontece cada vez que se sente ameaçado, se defende e “ataca” quem ama?
Imagine que o Amor é uma flor que vai desabrochando a cada dia. Quando os dois discutem, se ameaçam e “atacam”, essa flor começa a fechar-se em plena luz do dia, sem que o percebam.
Quando as discussões acontecem repetidamente, essa flor como que desaprende a desabrochar e pode mesmo fechar-se para sempre.
Tem consciência disto?
Amor nada tem a ver com acesas discussões, ameaças, critica irrazoável, culpabilização, humilhação, desrespeito, intimidação, incapacitação ou desvalorização. Amor não é nada disso. Na “rua do Amor” não se passa nada disso.
Já parou e pensou o que acontece dentro da sua mente quando discute intensamente? A energia que gasta e a ansiedade que sente.
Como autor, vítima ou experienciando ambos os lados, como é possível sentir que ama? Como é possível sentir-se amado?
A culpa que lança sobre o seu companheiro fá-lo sentir que o ama mais?
A generalização de que o outro sempre foi, é e será “assim”, fá-lo sentir-se amado?
A projeção do seu sofrimento sobre o outro, porventura fá-lo sentir que ama mais o outro?
As pedras que apanha no chão e lança sobre o outro, fá-lo sentir-se mais amado?
Quando observo a discutir muitos dos casais que acompanho, pergunto-me onde se terá escondido o Amor que dizem sentir um pelo outro. Provavelmente assustado, terá fugido e se refugiado da “tempestade”, pensando se deverá voltar ou partir. E digo: “Eu sei que conseguem conversar com Amor, verdade?”
O que é que Amor de verdade tem a ver com falta de respeito, com falar aos gritos e mesmo tempo, com não escutar nem querer saber das necessidades do outro, com agressões sejam elas quais forem, com desconfiança, com egoísmo e egocentrismo, com infidelidade, deslealdade ou abusos emocionais? NADA! O Amor não mora aqui, porque se morasse deixava de ser Amor e passava a chamar-se Maldade.
E porque precisam as pessoas socorrer-se da maldade para logo depois se arrependerem (ou não!) do que disseram sem pensar, sem querer, sem perceber o quanto magoaram e feriram o outro, sem qualquer ganho. Pelo contrário, a maioria das vezes com perdas irreversíveis e mágoas e ressentimentos inesquecíveis.
Será que é assim tão difícil parar e pensar no que as nossas palavras “podem fazer” quando chegam ao outro?
Será que é assim tão difícil controlar a nossa impulsividade, reatividade e insegurança, mandar o medo passear e olhar para o outro com amor, ainda que discordando?
Porque é que as diferenças nos fazem zangar e quase todos queremos ter razão? O que é ter razão quando perdemos um amor e ficamos sozinhos?
Vale de alguma coisa ter razão e dormir triste e sozinho no sofá da sala? Ou é melhor mandar a razão passear e dormir em paz ao lado de quem se ama, dando-lhe razão.
O que aconteceria se os dois se dessem razão e descobrissem que não precisam de controlar e ter poder sobre o outro, porque no Amor isso é uma estupidez.
E se pensassem naquilo que é verdadeiramente importante para o outro e para a relação.
A negação de si mesmo não é Amor próprio inteligente, mas não precisar de ter razão é Amor ao outro e uma prova de maturidade e inteligência emocional e afetiva, assim como o é decidir pensar o que dizer e como o dizer.
Quem dorme com o inimigo, vive com o inimigo, não com o Amor da sua vida.
Quem ama de verdade confia que a intenção do outro é sempre de bem querer, e mesmo que a sua imperfeição o leve a errar ou magoar, quem ama de coração sempre acredita que foi sem querer.
Quem ama de verdade vive com o seu Amor e dorme com o seu Amor. Pensa sempre bem do outro, quer sempre bem, deseja sempre bem e faz tudo para que a relação se fortaleça e os dois se sintam bem.
Quem ama de verdade ama a todo o tempo, não ama aos soluços ou aos solavancos, “dançando” entre o amo, não amo e mais logo não sei. Isso não é Amor, talvez seja necessidade, dependência ou apego, mas amor não é! Aprendeu a desesperança e precisa aprender a esperança e o Amor.
O amor de verdade é uma escolha, uma decisão que se toma todos os dias, às vezes a cada momento, protegendo a integridade e dignidade da pessoa que se sente amar, não armadilhando-as e fulminando-as.
O que se passa na mente de algumas pessoas que dizem amar e sentir-se amadas desrespeitando e sentindo-se constantemente desrespeitadas? Certamente um conceito perverso e masoquista de Amor altamente danoso e potenciado pelas mais variadas experiências e diversos meios, aos quais interessa que assim seja.
Como é que pessoas que dizem amar-se se podem fazer tanto mal? Como é possível? Sim, é possível. Muitas dessas pessoas pensam que se amam, mas não se amam. Na verdade, muitas delas apenas usam o outro para resolver os seus próprios conflitos interiores encerrados no sótão das suas mentes, porque não conseguem estar sozinhas e porque se sentem incapazes e inseguras.
Amor é paz, é tranquilidade e serenidade. Amor é dor quando doi ao outro, é alegrar-se quando o outro se alegra, é aliar as virtudes dos dois e descobrir muito além. É bondade, compreensão, tolerância, sabedoria, perdão e compaixão. É ver a diferença como um desafio a ser superado de mãos dadas, às vezes com cedências, mas sempre com a perceção de que mais forte do que as diferenças é o Amor que os une.
É a forma como gere as diferenças, escolhe reagir e decide falar que define a longevidade da sua relação. Quantas mais vezes a flor fechar e o Amor hibernar, maior a probabilidade de se divorciar. Quanto mais interações negativas, menos positivas. Quando mais indiferença, mais dor.
Quanto melhor cuidar dessa flor, maiores as possibilidades de a relação durar. Quanto mais interações positivas de afeto, intimidade, cumplicidade, conexão e empatia, menos negativas. Quanto mais Amor maior felicidade.
É a forma como vê e o que pensa do seu companheiro que o faz sentir dormir com o inimigo ou com o seu companheiro!
Decida viver e dormir, não com o inimigo, mas com…
O seu Amor!
Ter uma relação é uma subida… mas a vista vale a pena!
E já agora, em 2021 e sempre…. espalhe o Amor que tem no seu coração por todos por quem passar e por todos que passarem por si!
Maravilhoso Ano Novo!