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A internet e as apps revolucionaram o mercado, as decisões de compra pautam-se por valores como o da sustentabilidade, propósito e não desperdício, e neste âmbito grandes corporações parecem ter dificuldade em chegar às motivações e interesses da geração Millenial. Esta é a maior geração de sempre, ultrapassando a geração Boomer (quem tem acima de 55 anos), e chegou para transformar a sociedade de consumo. As marcas que mantém o foco no seu produto per si, sem atualização, e sem olhar para clientes como os primeiros nativos digitais, correm o risco de entrar em declínico ou terminar.
Nos últimos anos surgiram novos modelos de negócios pensados para engajar o cliente de forma consistente e prolongada no tempo. Esta foi a mudança determinante que dispositivos como o iPhone e consumidores como os Millenials vieram introduzir – com a compra feita em segundos, na ponta do dedo, com base no desejo momentâneo e nas prioridades seletivas do cliente, o foco das marcas passou do produto para as pessoas.
E, mais recentemente, parece que a afinação do mercado é tal que entramos num novo paradigma, o da Economia das Assinaturas. E negócios recentes como a Netflix, a Uber e outros, são exemplos disto.
Também o mundo dos media tem sofrido alterações positivas com a introdução de assinaturas para um público interessado em conteúdos premium e trabalhos selecionados. E o jornalismo de investigação parece finalmente voltar a ter fôlego à medida que as pessoas reconhecem o valor de conteúdos selecionados e jornalismo de qualidade.
Ser assinante representa termos acesso exclusivamente às nossas preferências e escolhas individuais. Isto significa estarmos a pagar por conforto e tempo otimizado, deixando para trás um mundo de conteúdos falsos e fragmentados que cansam, dispersam, enganam e fazem perder tempo. Exclusividade e seletividade é o preço a pagar pela nossa saúde mental e capacidade de discernimento.
Contudo, este novo mercado, assente numa grande volatilidade de escolhas individuais, pode levar a que as empresas subam ou caiam de forma vertiginosa, nasçam e morram à mesma velocidade. Poupar tempo, entregar com rapidez e eficiência, responder adequadamente e no momento certo às solicitações e dúvidas do cliente, monitorizar o processo e conseguir manter uma relação prolongada com o público serão requisitos e desafios incontornáveis. Os dados gerados pelas assinaturas serão o novo ouro, assim como conhecer bem o cliente um prenúncio de sobrevivência da marca. Neste campo, as start-ups têm marcado pontos porque este é o seu habitat. Nasceram na era digital e movem-se nela como um peixe dentro de água. Por sua vez, as marcas tentaculares, pesadas e quase inertes descendentes do velho modelo nascido com a revolução industrial de 1800 em que se produzia de forma massificada sem se conhecer o perfil de quem comprava o produto, parece estar a chegar ao fim.
Pensando em marcas específicas que moldaram o gosto coletivo durante décadas como a Cola Cola, a Levi’s e outras referências gigantes, como irão adaptar-se ao novo paradigma? Como é que artigos de produção massiça sobrevivem num mercado pautado pelas escolhas de nicho, seletividade e experiência individual? À medida que o consumo vai mudando, marcado por um exponencial aumento de serviços e compras online, pelo comportamento de consumidores que ligam mais ao propósito do que ao ter, será que o produto – como o temos conhecido – tem os dias contados?
A Economia das Assinaturas é um termo cunhado por Tien Tzuo, fundador da Zuora.