Quem é pai sabe que todos os anos a compra dos manuais escolares é uma grande despesa. Normalmente ronda os 200 euros por filho. Quem tiver 3 filhos na escola tem de prever no orçamento de Julho e Agosto cerca de 600 euros. É um valor completamente desproporcionado para quem vive num país em que a Educação é supostamente gratuita e um direito para todos.
Se o dinheiro não é problema, comprar livros novos todos os anos é uma opção perfeitamente justificável pelo valor pedagógico dos livros “em branco”. Aliás, devo dizer que enquanto criança sempre tive livros novos todos os anos. Nem sequer ocorreu aos meus pais e a mim que fosse de outra maneira. Não faço ideia de quanto custavam os livros nos anos 80 nem se havia a opção de conseguir os livros de outra maneira.
Agora há duas novas formas de ver a coisa: Primeiro, devido à crise ou às circunstâncias da vida, as possibilidades económicas das famílias baixaram e o dinheiro não chega para tudo e é preciso encontrar alternativas porque os nossos filhos precisam mesmo dos livros; Segundo, há cada vez mais uma mentalidade ecológica que valoriza a reutilização de tudo (também dos livros) e a reciclagem.
Felizmente, posso dizer que se quisesse poderia comprar livros novos para o meu filho sem dificuldade. Mesmo assim, perguntei-lhe (tem 12 anos) se ele via algum problema em estudar por um livro que já tivesse pertencido a outro menino. Ele até achou uma ideia lógica e não viu qualquer impedimento. Porquê deitar fora (ou guardar num sótão) um livro que ainda está em boas condições?
Foi com base neste problema que surgiu no ano passado a Book in Loop (“Livro às voltas” numa tradução muito livre). Alguns estudantes universitários de Coimbra decidiram criar uma plataforma informática para que todos os pais do país vendessem os livros antigos do ano passado (ganhando 20% do valor de capa) e comprando os usados do ano seguinte com 60% de desconto. Se vender todos os livros do ano passado (que estejam bem estimados) e comprar os usados, a soma dos 2 “descontos” dá 80%. Para muitas famílias pode ser a solução. Experimentei no ano passado e funcionou bem.
Também houve pais que devolveram os livros, mas foram poucos os casos.
Este ano funciona assim: Descarrega a app “Book in Loop” para o seu telemóvel ou vai ao site www.bookinloop.com e regista todos os livros que tem para vender. Depois da plataforma os aceitar (só aceita se estiverem em vigor nas escolas) mete-os numa caixa qualquer fechada com uma guia – que terá de imprimir – lá dentro para saberem que são seus. Entrega-os num hipermercado Continente ou numa loja Note (no ano passado era no Lidl mas a cobertura do Continente é maior). Recebe o dinheiro em Cartão do hipermercado ou usa o saldo para descontar nos livros que vai comprar.
Depois na mesma app ou no site, escolhe a escola dos seus filhos, o ano em que ele estará, e encomenda os livros. Paga uma caução de 15 euros e depois receberá a mensagem se tem os livros ou não. Se não comprar nenhum livro, a caução é devolvida.
Este sistema só funcionará se houver pais suficientes a vender os livros que os outros encomendam. Há aqui uma simbiose que é necessária para o sistema funcionar.
Mas tem outras opções. Há muitos pais a vender e a comprar manuais escolares no OLX ou no Custo Justo. Mas tenha o cuidado de saber pelo número do código de barras de cada livro se o livro está mesmo ainda em vigor no próximo ano. Não compre sem verificar todos os livros que comprar, senão está a deitar dinheiro à rua.
Tem também grupos no Facebook onde pais vendem, compram e trocam livros. Pesquise “Manuais escolares” e vai encontrar vários grupos dedicados a este tema.
Por último, tem os bancos de livros em muitas autarquias, associações e até empresas. Tem uma lista de dezenas destes bancos de livros em www.reutilizar.org. É só procurar e ligar para o banco de livros mais próximo de si para saber quais são as condições.
Confesso que tinha a ideia preconcebida de que estes bancos de livros eram só para famílias carenciadas. Não é assim, pelo menos como regra. O importante é reutilizar e usar bem os recursos que temos. Poupamos a carteira e o planeta.
Se mesmo assim quiser comprar manuais escolares novos tem sempre os clássicos 10% de desconto nos hipermercados, editoras, papelarias, etc. Se encontrar mais de 10% de desconto direto (sem talões e “truques”) aproveite.
Os nossos filhos podem ter um excelente aproveitamento na escola e o dinheiro que sobra pode muito bem ser usado para todo o resto do material escolar que vão precisar. É fazer as contas.