Entrevistei alguns condutores de reboques, que me explicaram que a maior surpresa dos clientes de seguros automóvel é que quando chamam o reboque estão a contar que o carro vai logo com eles para casa e muitas vezes têm de esperar uma semana para que o carro vá ter com eles à oficina pretendida porque a viatura tem de vir em transporte “coordenado” (são os reboques que trazem vários carros ao mesmo tempo). Não contrataram um plafond de reboque que lhes permita ter logo o transporte imediato.
Um exemplo: se tiver uma avaria perto de casa a questão não se põe. O plafond (imagine, de 300 euros) chega e sobra porque tem de pagar a ida e o regresso do reboque à base. Mas se eu morar em Lisboa e tiver a avaria em Viseu, por exemplo, o reboque vai cobrar à seguradora 400 ou 450 euros. Se o seu plafond é de 300, o seu carro já não vem consigo nesse dia a menos que pague a diferença. Tem de esperar que haja mais carros para trazer.
Poucos portugueses sabem sequer que há um plafond para o reboque. Eu achava que tinha direito a reboque em qualquer zona do país, por muito longe que fosse. Puro engano. Já mandei subir o meu plafond, porque passei justamente por esta situação.
Vai dos 150 € aos 1250 €. Escolha o que pretende de acordo com as viagens que costuma fazer. Até se sentir seguro. Ficar sem carro durante uma semana pode sair-lhe mais caro do que o que vai pagar a mais de prémio anual.
Leia as suas condições da apólice ou ligue para a sua seguradora e pergunte qual é o seu plafond de reboque e avalie se é melhor aumentá-lo antes que o seu carro avarie.
São poucos os portugueses que sabem exatamente que coberturas é que têm no seguro automóvel. Na maior parte das vezes o critério para escolher o seguro é única e exclusivamente o preço. Depois na estrada têm muitas surpresas desagradáveis.
Mas afinal o que é um bom seguro automóvel?
Normalmente aparecem com nomes como BASE, VIP, Premium , Plus ou outros nomes quaisquer. E isso basicamente não diz nada sobre as coberturas. Só muda o preço. Vamos então começar pelo princípio.
Os seguros automóvel têm normalmente 4 coberturas básicas: a Assistência em Viagem (a mais utilizada), o Seguro de ocupantes, a Quebra de Vidros e a Responsabilidade Civil.
Na maior parte das seguradoras, se pagar mais 22 euros ano pode trazer o carro no reboque no próprio dia se tiver uma avaria longe de casa.
Mas há mais. Se já usou o reboque este ano atenção a um pormenor. Há seguros que dizem que só pode chamar o reboque uma vez por ano. Leia bem o que a sua apólice diz. E mude essa cobertura antes de precisar. Pode chamar o reboque e ter de pagar a totalidade da despesa sem estar à espera. Peça para pagar um suplemento para restabelecer o plafond.
Outra coisa que as pessoas não sabem é que com o valor que tem para regressar a casa, pode escolher o meio do regresso. Não tem de ser o veículo que a companhia lhe indica. Há casos de pessoas que tiveram uma avaria em Aveiro e a seguradora propôs que apanhassem o comboio para Lisboa e que depois um táxi as levaria a casa. Lembre-se que pode insistir para que o levem de táxi de Aveiro para casa diretamente. Quem escolhe é o cliente e não a seguradora, pelo que me explicaram mediadores de seguros. Desde que o seu plafond permita.
Tem de saber também se tem direito a um carro de substituição e em que condições. Não é automático. Mesmo tendo, as variáveis são muitas de companhia para companhia. Sublinho que pode alterar (aumentar ou diminuir) as coberturas a qualquer momento. Mas sempre antes de precisar de as acionar. Depois da avaria ou acidente já não vai a tempo.
Ter carro de substituição custa-lhe mais cerca de 22 euros por ano. Mas tenha em atenção que o carro de substituição não vem logo ter consigo. Só depois do seu carro chegar à oficina e de ter a avaria diagnosticada pelo perito é que pode ir buscar o carro de substituição.
No caso do seguro da cobertura dos ocupantes, o básico é a morte ou invalidez. Mas a indemnização pode ir dos 5000 aos 50 mil euros. Para ter a cobertura maior pode ter de pagar de prémio mais 20 a 35 euros. Ou seja, por 3 euros por mês, se acontecer uma tragédia é a diferença entre receber 5000 ou 50 mil euros.
Como opção pode ainda contratar despesas de tratamento, subsídio de hospitalização e despesas de funeral. Esta opção encarece o seguro em mais 20 euros. Tem de avaliar todos estes detalhes. Não deixe que escolham por si. E se tiver estas coberturas não se esqueça de acionar o seguro se acontecer alguma coisa. Tem de apresentar as faturas. Há muitos que se esquecem de apresentar as despesas na seguradora. Eles agradecem.
Vamos à Quebra de Vidros. Nunca se sabe quando pode acontecer. Esta cobertura representa cerca de 22 € por ano no seu prémio.
Mas tem de escolher se quer com franquia ou sem franquia. Franquia quer dizer que se acionar o seguro, os primeiros 50 euros (por exemplo) são pagos por si e o resto é a seguradora que paga. Se quiser sem franquia, com a seguradora a pagar tudo, paga mais cerca de 55 ou 60 euros de prémio. Faça as contas.
Vamos agora à Responsabilidade Civil. O mínimo obrigatório é de 6 milhões de euros. Serve para pagar os prejuízos que causar em outras pessoas ou bens. Se por exemplo, causar a morte ou ferimentos graves em alguém, ou se destruir um prédio ou equipamentos caros a seguradora paga a despesa.
Por mais um pouco (5 a 15 euros/ano), pode ter uma cobertura de 50 milhões de euros. Mas até hoje, em Portugal, a maior indemnização alguma vez paga foi de 2 milhões de euros, ainda longe dos 6 milhões obrigatórios. Mas nunca se sabe o dia de amanhã.
Vamos então aos preços. Quanto me pode custar um seguro razoável? Mediadores que contactei dizem que com menos de 200 euros por anuidade é possível já ter quase todas as coberturas mencionadas.
E no caso de Danos Próprios (“Contra todos os riscos”) com cerca de 400 euros já consegue uma boa cobertura. Compare com o que está a pagar agora.
Um aviso: Nunca preste declarações falsas. As seguradoras podem recusar pagar-lhe a indemnização. E pode ficar em maus lençóis.
Por exemplo, é uma pratica habitual em Portugal os pais fazerem um seguro para o carros dos filhos mais novos para aproveitar os bónus de antiguidade. Mas fazer isso pode acabar mal. Há casos em que a seguradora se recusou a pagar os danos.
Não seja apanhado desprevenido quando mais precisar.