Muito provavelmente, vamos ter o ano mais quente desde que existem registos. E, talvez, um verão com mais de seis dias seguidos com temperaturas alguns graus acima da média, originando ondas de calor. Estas situações obrigam-nos a treinar para lidar com o calor extremo e, ao mesmo tempo, a fazer pequenas mudanças na nossa alimentação diária, para preservar a saúde do planeta. Cada vez mais.
O calor extremo exige medidas de proteção, em particular através do consumo de água. O nosso organismo, quando submetido a temperaturas elevadas, reage, emitindo mensagens nervosas que fazem aumentar a produção de suor para arrefecer a pele e consequentemente o corpo. Nestes casos, também é aumentada a dilatação dos vasos sanguíneos para que a temperatura interna elevada se dissipe mais facilmente para o exterior. Quando estes fenómenos acontecem, o organismo necessita de se afastar das fontes de calor (se possível), ingerir água rapidamente, evitar as perdas e não sobrecarregar os rins, que são órgãos centrais nesta regulação. Para tal é necessário:
1) Beber água repetidamente ao longo do dia, mesmo que sem sede. Pode-se aromatizar com canela, lima, hortelã, ou misturar com sumos de fruta. Uma sopa de hortícolas, limonadas com pouco açúcar, infusões de camomila, tília ou outras… também servem.
2) Nos dias de calor, uma garrafa de água à mão ao longo do dia pode fazer toda a diferença. E deve-se estimular a cultura da água nesses dias, ou seja, ir bebendo em pequenas quantidades ao longo do dia e manter a urina abundante e quase sem cor.
3) Evitar perder mais água. Ela é ainda mais preciosa nestas ocasiões. Em particular, evitar as bebidas com álcool, cafeína em excesso (colas, café, chá, bebidas à base de chá) ou muito açucaradas que estimulam a perda de água, apesar de também conterem água. No caso do álcool, o caso agrava-se, pois a sua eliminação exige esforço adicional ao fígado para se livrar do etanol, presente nas bebidas alcoólicas (cerveja incluída). Cocktails com bebidas destiladas que parecem matar a sede porque têm gelo, como caipirinhas, gins tónicos ou rum com cola são potencialmente nefastos quando o objetivo é hidratar… e não ganhar peso.
4) Evitar refeições de risco com ovos, maioneses ou molhos que possam estar em contacto com o calor ou mal acondicionadas. As toxinas bacterianas que contaminam os alimentos, e que estão na base de intoxicações alimentares, provocam diarreias e vómitos e a perda de eletrólitos (sobretudo de sódio e potássio), o que pode ser potencialmente letal em indivíduos muito doentes, crianças ou idosos.
5) Nestes dias, vale a pena escolher alimentos sólidos com grandes quantidades de água. Tomates, pepinos, alface e a maioria dos hortícolas, bem como frutas como a melancia, o melão, a laranja, ou ainda o leite como fonte proteica, em batidos com fruta, são exemplos de formatos de hidratação saborosa e equilibrada.
Por fim, sublinhar que, à escala mundial, a alimentação (produção, transformação, transporte e consumo de alimentos) é o fator que mais contribui para o aquecimento global. Se os biliões de seres humanos reduzissem o consumo de carne e seus derivados, optando pelo consumo diário de mais vegetais, produzidos localmente e da época, e tentassem consumir alimentos menos processados, reduzindo o desperdício alimentar e evitando sobras, deixaríamos certamente um planeta mais saudável aos nossos filhos (e a nós também).