Quis o destino que no ano da graça de 2017 eu tivesse um filho a entrar no primeiro ciclo e outro no terceiro. Com as algo afastadas idades de 6 e 12, as minhas crianças proporcionaram-me duas perspetivas diametralmente opostas do início do ano letivo, cada uma delas deliciosa nas suas idiossincrasias e especial nas preocupações inerentes. Mas ambas estrafegando este coração de mãe. À vez.
Onde, de um lado, houve mimo a rodos, recomendações para não deixar para o limite a ida à casa de banho e lembranças de pedido de ajuda para apertar os atacadores, do outro… na verdade, nada. Uns centímetros de filho a mais em altura e, de nó na garganta, já só o vi, ao longe, ir sozinho para a reunião, enquanto nós, pais ainda em
negação (“Como assim, nós não vamos?!”), iríamos ser recebidos noutra sala.
A mão que me apertou mais forte de um lado na despedida, do outro nem me segurou. A boca que se me alapou ao pescoço numa zona da cidade, na outra beijou-me de fugida, não sem antes se certificar de que não havia gente a olhar. Num ângulo, amor às claras. No outro, amor retraído, sem dar ares de se querer mostrar.
E agora aguenta, coração, já dizia o outro. Engoli as lágrimas e tentei portar-me condignamente em ambas as situações. Esquecer que um ainda não sabe limpar devidamente o rabo e o outro se esquece de pôr o boné mesmo ao sol do meio-dia. Que um não consegue abrir o frasco do sumo para o lanche e o outro, tímido, provavelmente socializará com dificuldade. E que um vai sentir a minha falta e o outro… provavelmente não.