A esposa encontrou o marido sentado na borda da cama, com os braços dobrados junto ao corpo e as pernas mais esticadas do que um morto. O homem estava naquela espécie de preguiça apelativa desde manhã. Estaria meditando? Seria pouco plausível: o marido só pensava quando sonhava. Há muito a alma lhe encalhara no corpo. O homem desistira-se.
– Vou sair – anunciou ele num sopro. E era o murmúrio quase inaudível das grandes decisões.