Entro na sala de espera do hospital com receio de que o teto desabe sobre mim. Há rachas nas paredes e as cadeiras de plástico quebradas lembram um cenário de guerra. Reparo no homem que está sentado na primeira fila, o corpo debruçado sobre os joelhos e as mãos amarfanhando uma velha boina. É o único ocupante daquela grande sala. Um enfermeiro de bata branca passa junto à parede do fundo. É um anjo sonâmbulo. Desaparece num ápice como se escapasse de uma doença contagiosa.
Cumprimento o solitário visitante antes de ocupar o meu lugar. Sem levantar o rosto, o homem dá-me os bons-dias. A esposa está na sala de partos, murmura ele como se rezasse. Há horas que espera por notícias. E logo retifica o que acaba de dizer: – Não é verdade. Cheguei há pouco.