A praça da Batalha portuense, um dos sítios mais centrais da cidade e, agora, também, dos mais controversos (não é que a Câmara quer tirar de lá a estátua de D. Pedro V!…) tomou o nome da imagem de Nossa Senhora da Batalha, que estava colocada num pequeno oratório existente no interior da porta da muralha fernandina, que ficava mesmo à entrada da rua de Cima de Vila. Por sua vez, a imagem, segundo antigas tradições, anda ligada a uma lendária e sangrenta batalha que por ali se terá travado, nos longínquos tempos da Reconquista (século X), entre as tropas cristãs do conde D. Hermenegildo, e as hostes do infiel rei árabe, Abderramão III.
Ninguém sabe indicar ao certo o local onde se terá travado esse terrível confronto. A peleja, segundo crónicas antigas, terá terminada às portas do velho burgo, no sítio hoje designado por praça da Batalha, mas pode ter começado para as bandas de Campanhã, um dos mais antigos topónimos portuenses, derivado de “Campanius”, que por sua vez deriva de “Campanus” que poderá significar campanha, palavra que os dicionários definem como significando uma série de operações militares durante uma guerra.
Precisamente ao longo da freguesia de Campanhã correm dois dos mais pitorescos cursos de água da cidade: o rio Tinto e o rio Torto e ambos desaguam a escassos metros de distância um do outro, no rio Douro, no sítio do Freixo. Consta da tradição popular que o nome do primeiro daqueles ribeiros anda, também ele, ligado à famigerada batalha que opôs as tropas de Hermenegildo às de Abderramão. Terá sido nas suas margens que se registaram os mais sangrentos combates. O sangue derramado foi tanto que escorrendo para as águas do ribeiro as tingiu de vermelho e daí o nome de rio Tinto.