Contra as expectativas de muitos (e minhas, confesso), Rui Vitória está a mostrar que é, afinal, bem capaz de ser treinador para um clube como Benfica. O início da sua carreira no Estádio da Luz não foi brilhante, sobretudo, pela dificuldade de encontrar o sistema de jogo certo para a equipa e um discurso adequado para si próprio. Mas a verdade é que, com o tempo, tudo mudou.
Passado o “terramoto Jesus”, Rui Vitória conseguiu libertar-se e ter tempo para estabilizar a equipa. Com a estrutura do clube finalmente focada no apoio ao seu treinador, deu-se o toque e reunir na Luz. E Rui Vitória foi, enfim, capaz de mostrar argumentos para justificar a sua escolha. Conseguiu, com a prata da casa, resolver os principais problemas da equipa, deitando mão a Renato Sanches, Fejsa e Pizzi, os principais obreiros de uma equipa mais sólida a defender e mais capaz de se desdobrar para o ataque. E, mesmo sem poder contar a tempo inteiro com pesos-pesados como Luisão e Nico Gaitán (para já não falar de Sálvio), a equipa tem mostrado mais solidez defensiva e, sobretudo uma exemplar capacidade de concretização, graças sobretudo a Jonas, mas também a forma inteligente como Rui Vitória tem vindo a conseguir gerir, rodar e manter motivados Mitroglou e Raúl Jiménez.
Outra das vitórias do treinador fica patente na forma como tem conseguido extrair o máximo de quase todo o plantel que tem à disposição. À exceção de Taarabt (parece mesmo o caso perdido) e de Duricic (aproveitou mal as poucas oportunidades de que dispôs), todos os jogadores da equipa têm vindo a render, sempre que são chamados. Lisandro e Carcela são disso os maiores exemplos. Mas também Talisca, Sílvio, Samaris, André Almeida, Gonçalo Guedes e Ederson mostram que estão sempre prontos e aptos a entrar, com competência, na equipa.
Depois de perdida a Supertaça, das derrotas com FC Porto e Sporting para o campeonato e de se ver arredado da luta pela Taça de Portugal, o Benfica de Rui Vitória chega a esta altura com todas as outras provas em aberto. Na Taça da Liga tem tudo para poder alcançar a sexta conquista. No campeonato, recuperou o atraso em relação ao líder Sporting e ultrapassou o FC Porto. E está nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Nada mau para uma equipa em quem, em finais de Novembro, muito poucos acreditavam.
A verdade, porém, é que tudo este esforço e esta excelente fase da equipa vão estar à prova em pouco mais de um mês. Até ao próximo dia 9 de março o Benfica vai defrontar o FC Porto (na Luz, a 13 ou 14 de fevereiro), o Sporting (em Alvalade, a 6 de março), o Zenit (para a Champions, a 16/2 e 9/3) e disputa a meia-final da Taça da Liga, a 9 de fevereiro. Serão estes os jogos decisivos que servirão, para Rui Vitória, como teste do algodão que, como sabemos… não engana. E Vitória, enganará?