Há sensivelmente 35 anos, quando a Internet ainda era uma promessa em Portugal e a Apple começava a vislumbrar o futuro com o conceito revolucionário de “Knowledge Navigator”, um grupo de estudantes empreendedores trouxe para o nosso país o movimento júnior, criando a primeira júnior empresa portuguesa, a JUNITEC.
Naqueles primeiros tempos, com a ambição e vontade de se posicionar no setor tecnológico, a júnior empresa destacou-se no emergente campo da multimédia, criando o programa de televisão “Janelas Virtuais”, na TVI, um canal também em ascensão. Mais do que isso, foi também responsável por trazer o primeiro Macintosh para Portugal diretamente dos Estados Unidos – que mais tarde viria a tornar-se símbolo da digitalização -, numa iniciativa que permitiu capacitar alunos da universidade e empresas através de formações em ferramentas como o Word e Excel, abrindo portas a uma nova era digital. O que antes era apenas uma possibilidade, começava a concretizar-se. Mas, o que mudou ao longo de todos estes anos?
Hoje, o visionário “Knowledge Navigator” tornou-se uma realidade tangível, presente nos sistemas de Inteligência Artificial e noutras tecnologias que redefinem o modo como trabalhamos, interagimos e tomamos decisões. No entanto, a mudança mais significativa não está somente na presença destas tecnologias, mas na velocidade e profundidade com que estão a remodelar o nosso quotidiano. Neste cenário, coloca-se a questão essencial de saber como estamos a lidar com o impacto desta revolução tecnológica.
A Inteligência Artificial, por exemplo, não se resume a uma mera tendência: trata-se de uma estratégia e ferramenta fundamental para aumentar a produtividade e criar soluções eficientes para os desafios das indústrias. Enquanto estudantes e jovens empreendedores, vivemos no epicentro desta transformação e estamos em constante contacto com as mais recentes tecnologias, imersos em ambientes de trabalho reais que nos permitem compreender as implicações e oportunidades que ferramentas como esta oferecem. O que antes era visto como um recurso futurista, é hoje uma extensão das nossas capacidades, influenciando diretamente a forma como interagimos com clientes, parceiros e uns com os outros.
Neste sentido, acho que a adoção de uma sinergia entre a tecnologia e as nossas competências humanas, pode criar uma complementaridade no dia a dia: ao tornar automáticos processos como a gestão de tarefas, a análise de dados ou a organização de informações. Conseguimos também libertar tempo para atividades mais estratégicas e criativas, criando ambientes de trabalho mais fluídos, colaborativos e que promovam um bom work-life balance.
À semelhança do que vivemos, acredito que nos próximos anos serão tecnologias como a Inteligência Artificial, o machine learning e blockchain que irão continuar a redefinir a sociedade. A automação, a descentralização digital e a inovação sustentável terão um impacto significativo nos mercados globais, exigindo aos profissionais que estejam cada vez mais preparados para lidar com estes novos paradigmas. Contudo, esta evolução não ocorre de forma isolada – é impulsionada por agentes que fomentam o conhecimento e a inovação.
Desta forma, são as júnior empresas que se mantêm como um elemento-chave na transformação do ecossistema nacional de tecnologia, inovação e empreendedorismo. Se, no passado, fomos pioneiros na introdução de novas tecnologias em Portugal, acredito que as júnior empresas deram – e continuam a dar – um forte contributo para o crescimento deste ecossistema, ao promover a literacia tecnológica e ao formar as gerações futuras de líderes tecnológicos e empreendedores, atuando como uma verdadeira semente de mudança.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.