No dia 5 de novembro, não serão os habitantes de Nova Iorque, Los Angeles, San Francisco ou Chicago a decidir as próximas eleições presidenciais norte-americanas. Cidades que constituem alguns dos maiores centros populacionais, políticos e económicos dos Estados Unidos da América, servindo como verdadeiras fábricas de soft power cultural norte-americano para o mundo. Serão, sim, os cidadãos que vivem nos estados do Rust Belt como a Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, ou mesmo no Sun Belt como o Nevada, que terão a palavra final.
Este denominado “Cinturão da Ferrugem” em português, representa a América do cidadão comum, predominantemente caucasiano e de tradições operárias. A região possui raízes ancoradas no antigo epicentro da indústria norte-americana e preserva uma herança cultural única. Marcada por décadas de declínio industrial, desenvolveu uma mentalidade resiliente, pragmática e caracterizada por um conservadorismo social. No entanto, esta cintura industrial também é definida por uma grande volatilidade eleitoral, com um forte foco nas preocupações económicas e uma desconfiança em relação às elites dos grandes centros urbanos da Costa Leste e Oeste. Em 2016, deu a vitória a Donald Trump, enquanto em 2020 favoreceu Joe Biden. No fundo, esta é a América dos candidatos a vice-presidente, o senador republicano de Ohio, JD Vance, e o governador democrata do Minnesota, Tim Walz. A sua escolha não terá sido uma mera coincidência. Por sua vez, os seis grandes eleitores do multicultural Nevada podem decidir tudo ou nada, tal como numa aposta, oportuno para o estado que abriga a capital do jogo em Las Vegas.