Estou feliz e em paz por não estar a trabalhar numa empresa. Mas nem sempre foi assim.
Hoje quero partilhar consigo esta jornada que transformou uma consultora corporativa numa consultora freelancer que trabalha com um sentido de propósito.
Durante mais de 20 anos de carreira em Recursos Humanos, nunca tinha tido o desejo ou ambição de trabalhar por conta própria. Muito pelo contrário, essa possibilidade era um cenário que me deixava desconfortável por vários motivos, a começar pela ausência de equipa de trabalho e todas as vantagens que daí advêm e a terminar na falta de um salário fixo ao final do mês.
Mas a vida tem uma forma caricata de nos dar a volta e nos fazer encarar as mesmas situações sob diferentes prismas. Foi o que me aconteceu. Na realidade, a minha história não é diferente de tantas outras que levam as pessoas a mudar o seu rumo. E se o leitor já passou por algo semelhante, tenho a certeza que se está a identificar com este artigo.
Tudo começou quando a vida que eu considerava estável começou a mudar. A mudança começou a gerar desconforto. E esse desconforto tomou proporções tais que quase chegaram a doença física. O facto de eu ter estado numa situação extrema colocou-me numa posição em que comecei a pensar de forma diferente. De repente, estava a perspetivar outros ângulos e, no final, acabei por mudar o conceito de estabilidade que me acompanhou durante toda a minha vida.
No final do dia, o que é mais importante? A dita estabilidade salarial ou o nosso equilíbrio físico e emocional? Quando mudei a minha resposta comecei a tomar decisões diferentes e aos poucos a mudar a minha vida.
Quando dei conta, tinha decidido (para já, porque nunca se sabe o dia de amanhã) que não queria voltar a trabalhar para uma empresa. Sabia que queria continuar a trabalhar com empresas mas não para uma empresa. Esta decisão teve tanto de libertador como de assustador. E agora, o que fazer?
Procurei a ajuda de profissionais que me ajudaram a estruturar o meu modelo de negócio. Depois comecei a ler sobre empreendedorismo, startups, a ouvir podcasts e pessoas que considerei como referência e com as quais sentia empatia e proximidade. Isso foi crucial porque abriu-me horizontes e comecei a pensar mais como empreendedora e menos como corporativa.
Ouvimos dizer que se mudarmos por dentro e as coisas mudam por fora. Confirmo. Foi o que aconteceu.
Hoje em dia, ainda tenho dúvidas e inseguranças. Menos do que tinha no início e mais do que que vou ter daqui a uns tempos. Afinal ainda não se passou um ano desde que me lancei nesta nova aventura. Ainda sou uma bebé com muito para aprender, ajustar, conquistar, falhar e corrigir. Mas tenho a confiança que quero continuar a trabalhar de uma forma que me inspira e onde sinto que possa mudar a vida das pessoas. Mas a importância de trabalharmos com sentido de propósito é tema para outro artigo.
Encontramo-nos em breve, até já.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.