Basta observar a generalidade das pessoas nos transportes públicos para perceber que, independentemente das considerações que possamos fazer acerca do assunto, o livro já não ocupa o lugar primordial na transmissão de ideias que ocupou no passado. As crianças e os jovens de 2024 leem e aprendem de outras maneiras, e não só é natural que o façam como, em certo sentido, até é desejável, na medida em que isso significa que são crianças e jovens do seu tempo.
Apesar da predominância dos ecrãs, é surpreendente que, ainda assim, o livro continue a incomodar: enquanto objeto, mas também enquanto exercício da liberdade de escrever, de ler, de publicar e de comercializar. Não obstante o turbilhão de petabytes de informação – e também de lixo, como todos sabemos – que circula na internet e nas redes sociais, espanta que o livro continue a ser um alvo preferencial dos novos censores. 50 anos após o 25 de Abril, que acabou com o exame prévio da ditadura, quem são estes censores de 2024 e o que os move?