No dia 1 de junho comemora-se, mais uma vez, o Dia Mundial da Criança. Este dia foi assinalado pela primeira vez em 1950 por iniciativa das Nações Unidas, com o objetivo de chamar a atenção para os problemas que as crianças então enfrentavam.
De um ponto de vista global, podemos dizer que os direitos das crianças correm algum perigo. As guerras, a fome, a crise económica, a pobreza, mas também o excesso de riqueza de alguns (poucos) e as mudanças climáticas, têm um impacto devastador na vida de muitas crianças em todo o mundo, constituindo uma ameaça para as novas gerações. Há ainda realidades novas com as quais nos temos vindo a confrontar, sendo uma delas, indubitavelmente, o impacto das redes sociais e écrans no desenvolvimento das crianças.
A era digital em que vivemos reduziu o mundo à condição de uma aldeia global e originou transformações profundas a nível familiar, social e cultural que têm inequivocamente consequências profundas no desenvolvimento da criança. As crianças não são alheias às novas tecnologias que exercem sobre elas, desde muito cedo, um grande fascínio.
Com o crescimento exponencial e a crescente disponibilidade das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em idades cada vez mais jovens, urge encontrar estratégias que terão de passar pelo acompanhamento das atividades online das crianças, negociar as restrições de uso, ir discutindo as descobertas que fazem por esta via, utilizar a internet de preferência em áreas comuns da casa e não no isolamento do quarto e, finalmente, utilizar programas de controlo parental. Há vários disponíveis. Os próprios servidores disponibilizam programas de prevenção e boas práticas do uso da internet.
E os jovens?
Não nos podemos esquecer que a internet em geral vai de encontro às características desta idade: a informação à distância de um click, disponível quando, como e onde o jovem deseja, permitindo comunicar sem ter que dar a cara, dando a sensação de que se tem muitos amigos – o que numa fase de insegurança pode ser ilusoriamente confortável.
Temos, no entanto, de considerar a outra face da moeda e as inúmeras vantagens da internet, que tem sido determinante nas transformações culturais e sociais do mundo, promovendo a aquisição de conhecimento, permitindo diminuir as distâncias geográficas e favorecendo uma sociedade global.
E quanto aos videojogos?
Devemo-nos preocupar quando o jovem se torna incapaz de controlar a frequência, a intensidade, a duração e o contexto em que joga, com repercussão negativa nas várias áreas da sua vida.
A dependência de videojogos foi recentemente incluída na lista de doenças de saúde mental da Organização Mundial de Saúde. Caracteriza-se por um “padrão de comportamento de jogo contínuo ou recorrente, no qual o jogador não consegue controlar, por exemplo, a frequência, a intensidade, a duração e o contexto em que joga”. Os jovens passam assim a viver para as competições online. Muitas vezes não conseguem parar e passam a isolar-se do ambiente familiar e dos amigos, deixando de participar em atividades que eram do seu agrado, desenvolvendo problemas alimentares e de sono, diminuindo o rendimento escolar.
Muitos pais perguntam como devem agir para orientarem os filhos na correta utilização das TIC. A partir de que ponto é que os videojogos, a utilização ininterrupta do telemóvel e das redes sociais, se tornam excessivos e preocupantes e como se poderá evitar chegar aí?
A prevenção, nesta como na maioria das áreas, é o mais importante.
Eis algumas medidas em que os pais poderiam investir:
- Não passar o telemóvel para a mão das crianças pequenas para as entreter, apesar do quão conveniente possa ser;
- Instituir regras e definir limites claros relativamente à utilização dos tempos de ecrã;
- Exercer uma monitorização ativa sobre a utilização da internet;
- Manterem-se atualizados nesta área;
- Criar mais espaços de participação e diálogo.
Não nos esqueçamos que as crianças representam o nosso futuro.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.