Bombeiro, polícia, jogador de futebol, bailarina, cientista, astronauta – as gerações mudam mas as respostas nem tanto. O que tem mudado e a ritmo acelerado são as opções que o mercado de trabalho oferece.
Certamente também já terão ouvido a frase: “Não podem todos ser Cristiano(s) Ronaldo”. Infelizmente será verdade que não podem e isso já nos terá feito pensar que passos devemos dar para preparar a próxima geração, os nossos filhos e filhas, para o mercado de trabalho.
Se está à procura da resposta curta, uma consulta rápida no google levá-lo-á ao site do World Economic Forum ou de uma qualquer revista internacional onde poderá ver que tudo o que liga a dados, biotecnologia e outras grandes tendências do momento e assim poupo-lhe a leitura do que resta deste artigo de opinião.
Se o tema lhe interessa fique por aqui mais um pouco. Pessoalmente fiquei tocado por entrevista recente de Yuval Noah Harari onde ele menciona que pela primeira vez na História da humanidade não sabemos como devemos preparar a próxima geração. Simples e evidente, mas igualmente preocupante.
À medida que avançamos para uma era cada vez mais dominada pela inteligência artificial (IA), é fundamental que preparemos as próximas gerações para o mercado de trabalho do futuro. Com a rápida evolução da tecnologia, é essencial equipá-las com habilidades técnicas, habilidades sociais e adaptabilidade para abraçar os desafios e as oportunidades que a IA trará.
Ao mesmo tempo um estudo da Mckinsey diz que até 2030, 400 milhões de pessoas no mundo inteiro podem ficar sem trabalho. E se de repente 400 milhões de pessoas no Sudoeste Asiático ficassem sem emprego o que faria isso ao balanço geopolítico mundial?
Alguns de nós, apreciadores de visões futuristas mais apocalípticas já terão até pensado no que precisam de fazer para travar a horda mecânica que vem a caminho. A minha visão é ligeiramente mais otimista e assenta na convicção que a educação é a ancora que vai preparar aqueles que serão mais bem-sucedidos no futuro.
É crucial enfatizar a importância do pensamento crítico e da resolução de problemas. É essencial cultivar uma mentalidade de crescimento. O mercado de trabalho está em constante evolução, e aqueles que abraçam a aprendizagem contínua e a adaptabilidade estarão mais bem preparados para prosperar na era da IA.
O desenvolvimento da literacia tecnológica é por isso fundamental. Nem todos seremos génios da computação, mas é essencial todos adquirirem conhecimentos básicos de tecnologia e capacidades digitais.
A aprendizagem interdisciplinar será um fator crítico de sucesso profissional. A IA é interdisciplinar por natureza, obtendo novas perspetivas combinando áreas com a computação, a matemática, a medicina e a psicologia, como exemplo para um médico no futuro.
Além das habilidades técnicas, é crucial desenvolver habilidades de comunicação e colaboração. Uma comunicação forte e habilidades de colaboração serão essenciais em um futuro em que os humanos trabalham ao lado de sistemas de IA.
Finalmente, é importante também promover a consciência ética. A IA levanta importantes considerações éticas, incluindo questões relacionadas a viés, privacidade e equidade.
Já terá ouvido certamente que no futuro não haverá condutores, não existirão contabilistas ou até advogados. É sempre um exercício arriscado fazer futurologia mas a minha visão é que os melhores advogados do futuro não vão ser substituídos por IA.
Os melhores serão aqueles que saberão trabalhar com IA, e isto aplica-se a qualquer profissão, médicos, cientistas e até jogadores de futebol. Os melhores advogados ou médicos de hoje serão batidos amanhã por advogados ou médicos menos capazes mas que se tenham preparado e saibam trabalhar com tecnologia (IA ou outra).
Na primeira década deste século todos diziam que programador era o trabalhado do futuro, hoje todos dizem que o futuro não terá programadores, todos saberemos programar e que a IA tratará de todo o código necessário a satisfazer os nossos desejos. A minha visão é que existirão programadores e existirá IA que fará código por nós. Não é uma equação de soma nula, com mais de um lado a significar menos do outro. É um jogo de soma positiva.
Assim e caso as suas esperanças para que o seu filho seja o próximo Cristiano Ronaldo estejam em baixo, pense positivo e invista o que puder na capacidade de pensamento crítico, na capacidade de pensar de forma multidisciplinar, na literacia tecnológica ou na adaptabilidade. Poderá não ser o novo CR7 mas será certamente mais capaz e mais competente de assegurar um futuro recompensador no mercado de trabalho. Boa sorte!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.