Propostas como: a alteração à tabela remuneratória; a reestruturação de suplementos remuneratórios; a
compensação pelo risco; a higiene, saúde e segurança no trabalho; o serviço de apoio na doença; o funcionamento dos Serviços Sociais; a problemática dos suicídios; e o papel da mulher na PSP, foram algumas das matérias sobre as quais, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), com maior pertinência, incidiu nos últimos três anos.
Desenvolvendo um trabalho que não assentou apenas no diagnóstico, estudo, discussão, mas também em conclusões e na entrega de propostas. Um trabalho exaustivo compartilhado com o Governo, com cada Grupo Parlamentar e com a Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública.
Hoje, as questões que coloco e que gostaria de ver respondidas pela tutela são: que avanços foram concretizados nestas áreas?
Que importância, relevo, reconhecimento foi dado ao trabalho desenvolvido pela ASPP/PSP, enquanto estrutura representativa dos profissionais “agentes, chefes e oficiais” desta força policial, e que, desde a década de 80, tem lutado pelos seus direitos, a sua dignificação e valorização, e por um serviço de segurança pública de qualidade, para que os portugueses e cidadãos de outras nacionalidades residentes no país, e ainda os que nos visitam, tivessem e tenham a garantia da paz e tranquilidade pública?
Em paralelo a estas propostas, neste triénio foram desenvolvidas ações de luta em torno da melhoria salarial, de uma valorização pelo risco, respeito pela pré-aposentação, entre muitas outras matérias que se encontram por sanar.
Temos afirmado com responsabilidade, seriedade e convicção que, a ausência de um feedback por parte dos sucessivos governos, aos problemas identificados e reportados, e às reivindicações que assentam em fundamento, justiça e razoabilidade, são um convite a apreciações diferentes, da forma de como alcançar os resultados e ainda a um estado de desmotivação que coloca um limite a estes profissionais.
Neste quadro, parece-me evidente que as questões socioprofissionais evoluem aos olhos dos polícias, provocando um sentimento de revolta tal convertendo-se num burnout coletivo. A falta de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido e a ausência de respostas, colocam quem responde diariamente a situações difíceis, complexas e arriscadas, numa predisposição a defender-se dos sucessivos “ataques”.
Com convicção afirmo que, ainda assim, apenas concebo a melhoria das condições de trabalho, se a luta a travar, passar pelo reconhecimento do passado, pela independência, isenção e genuinidade do que se pretende alcançar, pelo enquadramento, formalismo e unidade de quem luta e, principalmente, num quadro de valores e princípios que não belisque os profissionais da Polícia de Segurança Pública, pois estes são nobres, dignos e altruístas.
Ao próximo Governo, apelo que se esforce por perceber os sinais e se aperceba do muito que há por fazer, envolvendo as estruturas representativas dos profissionais, valorize a negociação, propostas e compromisso, evite o assistencialismo e o “fundamentalismo” das finanças e institua uma perspetiva séria e responsável que permita uma valorização remuneratória e estatutária no sentido de acautelar os interesses destes profissionais, o equilíbrio, funcionamento e futuro da Instituição.
Para tal, que encare novamente as seguintes realidades; esta Polícia está inoperacional, os seus profissionais cansados, tristes, indignados e com a sua saúde física e mental em risco. E agravando a situação, temos os jovens a não aderirem à profissão, por outro lado, muitos dos que cá se encontram a quererem cada vez mais abandonar e os mais “antigos”, aqueles que já tudo deram, encontram-se impedidos de sair…
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.