As nossas perspetivas são uma manifestação da nossa educação e de experiências pessoais únicas. Com o tempo, tornam-se no que somos. As identidades humanas são históricas e atuais, estão enraizadas nos nossos passados culturais e familiares, mas moldadas pelas nossas condições pessoais. Daí resulta que as gerações olham para a comida de formas diferentes: comemos para nutrir o corpo, para fazermos dietas ou para sermos criativos com a comida?
Os consumidores, especialmente os mais jovens, estão a restringir certos produtos de origem animal, mesmo os que não seguem uma dieta estritamente vegana ou vegetariana. Na busca por uma alimentação saudável, juntam-se em tribos alimentares que se destacam e conquistam adeptos, como a dieta Paleo, Vegan, Plant-Based, entre outras. Mas o que mudou na alimentação dos Baby Boomers para os Millennials, e para os Gen Zs?
As gerações mais novas estão cada vez mais à procura de opções mais saudáveis e éticas. Um estudo da Statista nos Estados Unidos retrata que a percentagem de pessoas que optam por dietas plant-based reduz com o avançar da idade: 3% cento dos Baby Boomers são vegetarianos e apenas 1% vegan. Já em Portugal, quase metade da população identifica-se com uma dieta alternativa à dieta tradicional mediterrânica.
A Clevermeals, que levou a cabo um consumer research para conhecer o consumidor português, descobriu que 58% da população tem a alimentação como parte da sua identidade: mais de metade dos inquiridos afirmaram que o que comem é indicativo de quem são como pessoa. Ou seja, os vegans associam-se com outros vegans, os vegetarianos igual.
A Geração Z identifica-se como a geração “foodie”, alimentada por um desejo de descobrir novas receitas e encontrar inspiração para que todos se tornem chefes de cozinha em casa, através de redes sociais como o TikTok. À medida que a sua relação com os alimentos está a mudar, os mais jovens estão a adoptar uma atitude holística perante os alimentos que vai muito além do sabor ou das calorias, focando-se mais na moralidade alimentar, na nutrição e no impacto na saúde mental e ambiental.
A influência de TikTok na alimentação, aliás, é inegável, com 37% da população a dizer que encontra inspiração para novas receitas através de plataformas como a aplicação de vídeos curtos; veja-se, por exemplo, o fenómeno da massa de tomate e queijo feta no forno!
Por seu turno, são mais os millennials que estão a mudar as suas dietas em busca de bem-estar físico e mental, e de um desejo de reduzir a pegada climática, do que os membros das gerações mais antigas.
Sabemos que o consumidor quer saber como comer mais saudável e que a tribo alimentar a que escolhemos pertencer faz parte da nossa identidade individual e de grupo, porque diz muito sobre quem somos, sobre o nosso ponto de vista ecológico, ético e até sobre o nosso lifestyle; no entanto, a sociedade e a tecnologia ainda não respondem às necessidades reais das famílias.
O que é facto é que o consumidor quer saber como ser mais saudável, quer divertir-se nos momentos passados em torno de uma refeição saudável, mas satisfatória, quer saber onde encontrar os melhores produtos, bem rotulados e saber como os cozinhar, e quer fugir da junk food.
A resposta está em democratizar o conhecimento e o acesso do consumidor a novos hábitos de consumo, através da tecnologia, no desenvolvimento de ferramentas digitais que simplifiquem um estilo de vida mais saudável e sustentável: disponibilizar conteúdo curado sobre receitas e dietas, criado por outros criadores de conteúdos na internet; agregar receitas, listas de compras e planos semanais para serem replicados em casa; e apoiar o consumidor desde a inspiração à compra. Para tudo isso, é preciso conhecer as necessidades e comportamentos do consumidor, só dessa forma será possível conciliar as especificidades de cada membro da família ou comunidade – quer seja Baby Boomer, Millennial ou Gen Z -, para que possam sentar-se à mesa
em conjunto.
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