Na semana passada, em que apareceram em Lisboa tantos turistas, sobretudo franceses, vindos ou não em grandes paquetes de recreio, tivemos o prazer de ler dois grandes discursos: um de Jean-Claude Juncker, o novo presidente da Comissão Europeia e democrata-?-cristão de longa data, que tenho a honra de conhecer bem; e o outro do alemão Martin Schulz, social-democrata e atual presidente do Parlamento Europeu, velho amigo de Portugal. Vale a pena ler os dois discursos com atenção, porque os seus autores querem ambos desenvolver a União Europeia (UE), que nos últimos anos tem vindo a ser posta em causa dada a forte austeridade que a senhora Merkel impôs a diversos Estados da União. Austeridade que, como com razão disse o Papa Francisco, mata.
É verdade que a insistência na austeridade, exigência da senhora Merkel, pesou em muitos Estados-membros da UE, criando dificuldades de vária ordem que influenciaram económica e politicamente alguns membros da União. Portugal foi um deles. Como se sabe a UE nasceu e desenvolveu-se com o entendimento entre dois partidos: os social-democratas (ou socialistas, ou trabalhistas) e os democratas-?-cristãos. Mas nos últimos anos nalguns dos Estados da UE esses dois partidos foram substituídos pelos defensores dos mercados, tornando-se puramente interessados no dinheiro.
Foi o que quase ia matando a UE, em que vários Estados se tornaram interessados tão só no dinheiro e a fez perder influência nos EUA e em outros países. Felizmente tudo parece estar a mudar. Socialistas e democratas-cristãos voltaram a ter voz ativa na UE, deixando os mercados e o dinheiro em plano secundário. Tudo vai modificar-?-se, com o empenho necessário dos Estados Unidos e, especialmente, de Obama.
Permitam-me que vos fale de Manuel Valls. É um francês naturalizado, de origem catalã, que o Presidente François Hollande nomeou primeiro-ministro. É conhecido por ser autoritário e agora decidiu sugerir que devia acabar o socialismo. O PS francês devia deixar de se chamar socialista. Imagine-se!
Tratando-se de um Presidente da República oriundo do Partido Socialista francês, como é Hollande, eleito pela grande maioria da esquerda francesa, não é possível que tal aconteça. O que é preciso é, para já, pôr na rua esse senhor Valls, obviamente de direita, que nunca devia ter sido membro de um Governo de Hollande. Assim não! Nada pode funcionar.
O que se passou há dias no Canadá, um país tão pacífico, com o ataque surpresa, ao seu Parlamento e ao Memorial da Guerra, perpetrado por um extremista islamita, ao que parece de nacionalidade canadiana, e que resultou nas mortes de um militar e do próprio atacante, deve inquietar-nos e fazer-nos interrogar para onde caminha este Mundo cada vez mais perigoso.
Também a Austrália, outro grande país, irmão do Canadá, ficou impressionado e preocupado com o que aí se passou e com o ato terrorista de que foi alvo. O Mundo está a mudar e cada vez para pior. A ONU tem de pensar nisso. E a valer.