O Governo começa a assemelhar-se perigosamente a uma comissão administrativa em vez de actuar como um órgão de soberania com legitimidade democrática. Não basta lançar impostos. Precisamos de ideias, propostas, capacidade negocial, imaginação, jogo de cintura, uma visão para além do dia seguinte.
Ouçam Carlos Costa, governador do Banco de Portugal: “Temos um problema grande que é tratar da dívida externa e do défice, ao mesmo tempo que temos que tratar do produto, o que significa crescimento.”
Aprendam com o presidente da Comissão, Durão Barroso, que até é do mesmo partido do primeiro-ministro e que, pelos vistos, tem ideias para o curto prazo e uma visão para o futuro da Europa. Ainda hoje, adoptou duas propostas no âmbito do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira: taxas de juro mais baixas e prazos de vencimento alargados para empréstimos concedidos pela União Europeia a Portugal (e à Irlanda). Por outro lado, num debate no Parlamento Europeu, anunciou que a Comissão apresenta em breve uma proposta sobre Eurobonds (títulos conjuntos de dívida), salvaguardando que não se trata de uma varinha mágica. Foi, no entanto, mais longe, ao afirmar que para enfrentar a crise mais grave desta geração “temos necessidade de mais Europa, não de menos Europa. Uma integração aprofundada faz parte da solução”, disse, embora tenha alertado que “ela não se fará de um dia para o outro”.
Da situação portuguesa falou com pinças: “De acordo com as nossas previsões, é possível que Portugal atinja o objectivo de 3% em 2013 e, por isso, a Comissão constata que está a tomar as medidas adequadas.” Reconhece que “a situaçção económica continua difícil” e que “Portugal parece no bom caminho”.