Porto, 25 Mar (Lusa) – A Comissão de Acompanhamento da Linha de Metro da Zona Ocidental do Porto vai sugerir o enterramento total da linha no interior do Concelho do Porto, disse hoje o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira.
Aquele responsável falava em conferência de imprensa convocada para dar conhecimento público dos trabalhos da Comissão, que também integra Lino Ferreira, vereador do Urbanismo da Câmara do Porto e o arquitecto José Carapeto, quadro técnico da autarquia.
Lino Ferreira sublinhou que as reuniões entre a empresa do Metro do Porto e a Comissão têm decorrido num ambiente “da maior cordialidade e colaboração”, não existindo a este respeito “qualquer guerra”.
Sublinhou ainda que a função da Comissão de Acompanhamento da Linha de Metro da Zona Ocidental do Porto (mais conhecida como Linha do Campo Alegre) é apenas a de dar sugestões para melhoramento do traçado, sendo a proposta na mesa “pacífica” na sua maior parte.
A linha, que liga a zona de Brito Capelo, em Matosinhos, a São Bento, vai atravessar o Parque da Cidade em viaduto cujo desenho será consensualizado com o arquitecto Sidónio Pardal, que projectou aquele espaço verde.
“Não temos qualquer dúvida que a solução que será encontrada para o atravessamento do Parque da Cidade será de qualidade”, disse Rui Moreira.
A linha é então enterrada para passar por baixo da Avenida da Boavista, voltando depois à superfície já na futura Avenida Nun’Álvares, que ligará esta avenida à Praça do Império.
Aqui é que começa a divergência da Comissão de Acompanhamento com a proposta do Metro do Porto, já que Lino Ferreira considera que “tratando-se de uma nova avenida em zona nobre da cidade”, não é admissível que a solução proposta provoque tantos constrangimentos à circulação automóvel e mesmo de peões, pondo mesmo em causa a construção de ciclovias”.
“Não é admissível construir uma nova avenida apenas com metro e meio de passeio de cada lado e sem qualquer lugar para estacionamento, nem espaço para ciclovias”, disse.
Acresce ainda que a solução proposta inviabiliza a viragem à esquerda em qualquer dos sentidos de circulação e “vem criar numa zona virgem, que não está urbanizada, uma ferida, gerando um problema de atravessamento”.
“Não podemos condicionar o futuro da cidade com uma solução que poderia ser resolvida com a continuação da linha enterrada, já que os custos não seriam muito maiores”, disse.
Lino Ferreira referiu que naquele local a linha pode ser construída pelo processo “cut & cover”, ou seja abrindo uma trincheira e tapando-a com uma laje, deixando toda a superfície da avenida livre.
Mas onde a situação se complica ainda mais é a partir da Praça do Império, que a linha atravessará, para seguir depois pela Rua Diogo Botelho, até à zona do Fluvial, que também atravessa até voltar a enterrar, no início da Rua do Campo Alegre.
Em todo este troço, a Comissão de Acompanhamento prevê “problemas gravíssimos de trânsito e segurança”, dado tratar-se de uma zona muito povoada, com várias escolas – entre as quais a Universidade Católica com milhares de alunos.
A Comissão de Acompanhamento vai reunir com as juntas de Freguesia envolvidas – Lordelo já sexta-feira, Foz a 3 de Abril e Nevogilde a 16 de Abril – após o que redigirá o seu parecer final.
“Nada está fechado e tem havido da parte do Metro do Porto a maior receptividade às nossas sugestões” sublinhou Rui Moreira.
A linha segue por baixo da Rua do Campo Alegre até à zona de D. Pedro V, que atravessará em viaduto, devido ao acidentado do terreno, voltando a enterrar até chegar S. Bento.
Esta solução para o troço final da linha tem o inteiro apoio da Comissão de Acompanhamento.
PF.
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