Como a obra de Fernando Pessoa, também os estudos pessoanos são plurais e muitos diversos, como se pode comprovar pelo programa do Congresso Internacional que a Casa Fernando Pessoa (CFP) promove, nos dias 12, 13 e 14, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O programa integra investigadores de vários países e as mais diversas análises, como sublinha, ao JL, Clara Riso, diretora da CFP e membro da comissão organizadora, ao lado de Antonio Sáez Delgado, Joana Matos Frias, Pedro Sepúlveda e Rita Patrício.
O que se pode esperar deste Congresso Internacional dedicado a Fernando Pessoa?
Serão três dias de comunicações, com espaços para perguntas e debates, sempre importantes nestes encontros. À semelhança dos congressos anteriores organizados pela Casa Fernando Pessoa, as abordagens e os temas são muito diversos, o que é natural dada a diversidade da obra do poeta.
A avaliar pela origem dos oradores, este é mesmo um congresso internacional…
Sim, vêm investigadores de muitos países, cobrindo vários continentes, o que mostra como o Pessoa é estudado em diversos centros de investigação fora de Portugal. O esforço que fizemos, como organizadores, foi o de chegar aos vários circuitos e escolas que trabalham a obra do poeta para que seja possível ter uma amostra da diversidade de perspetivas que existem hoje em dia.
Se a diversidade de oradores é grande, as temáticas propostas são também em grande número. Tal como a obra, os estudos pessoas são diversos?
Sim. Desde logo pela dimensão da obra pessoana, com vários registos e género. E depois porque, na maior parte dos casos, cada texto também permite mais do que uma leitura. Para essa pluralidade, e à semelhança dos congressos anteriores, convidámos um conjunto de investigadores a apresentar uma comunicação, chegando com isso a vários países e academias, mas também fizemos uma chamada à participação dirigida a doutorandos e a recém-doutorados, no fundo, a investigadores mais jovens.
Do programa, surpreende o arco que se pode definir entre o ensino de Pessoa no secundário e a ideia de Poeta Nacional…
É, de facto, um arco muito interessante, ao qual poderíamos acrescentar, para se ter uma noção da extensão de temas, a comunicação da Anna M. Klobucka, dedicada ao Pessoa pornógrafo. Ficámos entusiasmados com essa análise de Fernando Pessoa no secundário justamente por não ser muito frequente. E será sem dúvida um ângulo muito interessante para o público docente e para os estudantes.
O Congresso inclui ainda duas intervenções sobre Manuel Gusmão e a Nuno Júdice. Porquê?
São duas homenagens a dois poetas e críticos que nos deixaram recentemente e que fizeram leituras e análises muito profundas e inovadoras sobre textos pessoanos. Sinaliza também o diálogo que outros poetas têm mantido com Pessoa.
O que sairá deste congresso?
O congresso vai ser filmado pela Gulbenkian e as sessões serão disponibilizados mais tarde. Também publicaremos as atas do congresso, em formato digital, como tem acontecido com os anteriores. Queremos que no início do próximo ano letivo, em setembro, os textos estejam todos acessíveis.