“A sabedoria vem com os invernos”, dizia Oscar Wilde, e a máxima do escritor inglês parece aplicar-se na perfeição aos 105 anos de Manoel de Oliveira, que se comemoram hoje, com a inauguração de uma exposição no Museu da Imprensa, no Porto. O decano dos realizadores tem presenteado o público, desde 1990, com pelo menos um filme ou curta-metragem por ano. Habituados a este ritmo de produção, característico da sua vitalidade, não seria espetável que este 2013 fosse diferente. Mas foi. “O mais certo é que o dia do 105.º aniversário chegue antes de qualquer subsídio”, brincou Manoel de Oliveira, em declarações à revista francesa
Cahiers du Cinema, referindo-se aos projetos que tem em gaveta. Os muitos invernos que já acumulou permitiram-lhe antecipar a falta de financiamento.
Manoel de Oliveira tem dois argumentos concluídos na gaveta, O velho do Restelo, a partir de textos de Camões, Teixeira de Pascoaes, Camilo Castelo Branco ou Cervantes sobre esta personagem, e um filme sobre as mulheres que fazem as vindimas, tema já abordado pelo cineasta. Em O velho do Restelo, o realizador trabalha há mais de um ano. Será, à partida, uma média metragem, com o início das rodagens esperado para 2014. O orçamento estimado é de 350 mil euros.
Sem novos filmes, não faltam, porém, homenagens, que surgiram mesmo antes do aniversário do realizador. A 10.ª edição do ciclo de cinema documental Imagens do Real Imaginado, promovido pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, do Instituto Politécnico do Porto, programou um ciclo com obras suas. E num concerto comemorativo na Casa da Musica a orquestra sinfónica do Porto, sob a direção musical de Michael Sanderling, tocou a Sinfonia nº 9 de Gustav Mahler em sua honra.Também no dia 7 de novembro o cineasta foi aclamado durante uma sessão no auditório da biblioteca Almeida Garrett, durante o lançamento do livro Aniki-Bóbó: Enfants dans la ville (Chandeigne). Seguiu-se uma conferência do escritor Mário Cláudio sobre o tema Manoel de Oliveira, um chão comum.À lusa, o cineasta afirmou no início de novembro que a chegada do financiamento para o seu novo filme seria “uma forma de comemorar o aniversário”.
Manoel de Oliveira nasceu no Porto, dia 11 de Dezembro de 1908.