O futuro da EDP passa, em grande parte, pelo trabalho da equipa liderada por Pedro Neves Ferreira. “O nosso objetivo é olhar para o futuro, perceber as tendências e como devemos posicionar a empresa, por forma a maximizar o seu valor, face à evolução esperada.” Mas o que faz um engenheiro de telecomunicações à frente do planeamento energético de uma elétrica portuguesa com vários negócios internacionais? “Mal acabei a licenciatura, no Instituto Superior Técnico, entrei para a consultora McKinsey e a minha carreira continuou ligada à gestão.” Dois anos depois, rumou a França, para fazer um mestrado, no INSEAD, uma das melhores escolas de gestão do mundo. Paris estava-lhe nas veias, pois frequentou o Liceu Francês dos 4 aos 18 anos: “A escolha teve a ver com o facto de os meus pais considerarem que tinha um bom ensino e que era uma boa ginástica mental aprender uma outra língua”, explica. Após um ano em França, e mais dois numa consultora em Portugal, um trabalho realizado para a EDP levá-lo-ia a integrar o recém-criado gabinete de Planeamento Energético, no final de 2003, que acabaria por liderar, quatro anos depois.
Casado, pai de dois filhos um de 4 anos e outro de 6 meses assumiu, recentemente, um novo cargo: é, também, administrador da Fundação EDP, responsável pela área de projetos de acesso à energia para o desenvolvimento. “Trata-se de fazer chegar eletricidade a quem não tem acesso a ela, que é o caso de uma em cada 5 pessoas.” Há um mês esteve em Timor, a preparar “um projeto que queremos desenvolver lá.”
Quanto ao futuro, quais os grandes desafios? “O principal é garantir que se consegue satisfazer a procura.” De acordo com as previsões da Agência Internacional de Energia, o consumo energético mundial crescerá 30% nos próximos 20 anos, sendo que o consumo de eletricidade aumentará 80 por cento. “Será necessário encontrar petróleo, gás, carvão, biomassa, florestas, vento, sol e água. São desafios enormes políticos e ao nível de recursos e uma grande pressão sobre o planeta”. E desengane-se quem espera uma hegemonia das energias limpas. “É muito difícil introduzir grandes transformações nos sistemas energéticos. Têm uma inércia enorme. O carvão demorou cem anos a conquistar peso na matriz energética. O petróleo levou 50 anos. As mutações energéticas são cada vez mais rápidas, mas estamos sempre a falar de décadas.” Para Portugal, o gestor acredita “numa continuação da crescente importância das energias renováveis e numa matriz energética mais sustentável.” Por cá, sublinha, “a mudança será muito mais acelerada.”
BI
Idade: 38 anos
Atividade: Diretor de Planeamento Energético da EDP, desde 2007
A escolha de… Carlos Pimenta
Ex-governante, administrador executivo da Ecogen
“É um engenheiro e um gestor e sabe olhar, simultaneamente, para os negócios da EDP, para os investimentos e a sua rentabilidade, ver qual é a melhor forma de produzir energia em Portugal e, ao mesmo tempo, pensar que, no longo prazo, se o País não usar os naturais que tem, que são renováveis e não poluentes, e que originam tecnologia, emprego e investimento em Portugal, o sistema de energia não é sustentável. Ele sabe integrar estas coisas. É uma figura central na construção de um futuro energético que seja sustentável económica, ambiental e socialmente. A escolha foi, para mim, óbvia.”