Construir habitação em Portugal teve um custo médio de 1.495€/m2 em 2022, mais 23% que os 1.214€/m2 que custava no ano anterior, de acordo com os resultados da fase piloto do SICC, o novo sistema estatístico da Confidencial Imobiliário. O SICC-Sistema de Informação de Custos de Construção é uma nova base de dados que está a ser desenvolvida pela empresa de inteligência para o imobiliário, o qual permite apurar o custo de construção por m2 para habitação.
Atualmente em fase piloto e envolvendo uma amostra de mais de uma centena de orçamentos para a construção residencial, as estatísticas resultantes do SICC apresentam uma segmentação por tipo de obra e por elemento construtivo para o agregado nacional, além de permitirem para já aferir o custo de construção também para Lisboa.
Os resultados preliminares do SICC mostram, assim, que construir habitação em Lisboa teve um custo médio de 1.635€/m2 em 2022, registando um aumento de 11% face aos 1.474€/m2 apurados para 2021. Com base na amostra do SICC, Lisboa exibe, assim, um aumento menos robusto dos custos de construção do que o total nacional, ao mesmo tempo reduzindo o seu diferencial face ao país. Concretamente, construir habitação em 2022 em Lisboa custava mais 9% do que no total nacional, ao passo que em 2021 essa diferença de custo era de mais 21%.
No que se refere ao tipo de obra, conclui-se que, no cômputo nacional, a reabilitação envolve um custo 22% acima da construção nova, comparando-se um valor médio de 1.725€/m2 com 1.412€/m2, respetivamente. Em termos de evolução, o maior aumento verificou-se igualmente na reabilitação, onde o custo total cresceu 38% no último ano, ao passo que o incremento na construção nova foi de 19%.
Em termos de estrutura de custos, os custos não-estruturais absorvem a maior fatia do valor exigido para a construção quer num quer noutro tipo de obra, designadamente, 34% do custo total da construção nova e 25% na reabilitação. Não obstante, o maior aumento anual observou-se nos custos gerais, os quais praticamente duplicaram em ambos os tipos de obra. Na reabilitação esta é uma rúbrica que consumiu em 2022 cerca de 21% do custo total e na construção nova cerca de 16%.
“Atualmente há uma crescente incerteza e o controlo de custos de construção é uma situação que exerce agora uma maior pressão do que a questão referente aos preços. O SICC tem a enorme vantagem de produzir estatísticas atualizadas, abrangentes e representativas dos custos de construção, assumindo um papel crucial para ter uma referência nesta área. Além disso, tem a enorme vantagem de permitir desenvolver, no futuro, um índice que permita acompanhar a sua evolução, o que será uma ferramenta essencial para gerir esta que é atualmente uma fonte de grande entrave ao bom funcionamento do mercado”, nota Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
Envolvendo dados de cerca de 100 orçamentos de obras disponibilizados por empresas de avaliação especializadas em crédito à promoção imobiliária, a fase piloto do SICC foi realizada em parceria com as principais instituições financeiras nacionais, incluindo o BPI, a Caixa Geral de Depósitos, o Crédito Agrícola, o Millennium bcp, o Montepio Geral, o Novo Banco e o Santander Totta.