Depois dos seniores, estudantes universitários e turistas de todo o mundo terem ‘descoberto’ Portugal, agora é a vez dos nómadas digitais elegerem o país como um dos melhores para se trabalhar remotamente, tal como atestou um estudo recente da Savills que colocou mesmo Lisboa como a cidade do mundo mais atrativa para nómadas digitais em cargos executivos e senior. Uma clientela diferente que está a revolucionar o mercado de alojamento local que se vai ajustando a novas exigências.
Na Flatio, plataforma de arrendamento temporário com mais de 2000 proprietários e 4.600 casas/apartamentos registados em todo o país, o mercado de nómadas digitais já absorve 40% do total dos arrendatários com os americanos a liderar (25% dessa fatia), seguido dos cidadãos do Reino Unido (12%) e o restante disperso por outros países de origem como Alemanha, França, Canadá, Brasil, Polónia, Noruega ou Espanha.
“Identificámos um segmento crescente de hóspedes que desejam ficar mais tempo do que o turista típico, mas menos do que um inquilino do mercado de longo-prazo. Também descobrimos que os anfitriões estavam cansados do incómodo do aluguer de curto-prazo, mas que não se sentiam à vontade para embarcar num processo burocrático de aluguer de longo prazo para um inquilino que ficaria apenas alguns meses”, confirma à Visão Radim Rezek, CEO e co-fundador da Flatio.
Segundo o responsável, “cerca de 44% do número atual de nómadas digitais que procurou a Flatio está a residir em Lisboa, 15% no Porto, e 15% na Madeira (representando um mercado especialmente interessante já que a Flatio apoia os proprietários da região através da parceria com o Digital Nomads Madeira)”.
Presente em cerca de 250 cidades de mais de 30 países em todo o mundo, a Flatio tem em Portugal um dos seus mercados mais interessantes de momento.
“A Flatio fornece contratos de arrendamento bilíngues e unificados, uma solução de pagamento única a nível mundial pronta para pagamentos recorrentes de cada arrendamento durante a estadia e cobertura de danos para os senhorios. É também possível realizar visitas de 360 graus e de realidade virtual nos alojamentos, vantagens para arrendatários que podem estar a chegar a Portugal sem conhecer a casa fisicamente”, reforçou ainda Radim Rezek.
Em Lisboa, o apartamento mais barato da plataforma custa 900 euros mensais e o mais caro vai até aos 8.000 euros por mês.
Para quem quer apostar neste mercado, o CEO da Flatio deixa algumas dicas:
- Wi-Fi forte e estável
Esta é uma das principais exigências destes clientes uma vez que estão em trabalho ainda que queiram conciliar com o desfrute do local onde estão a residir. Verifique os fornecedores locais, ou mesmo o Starlink, se estiver numa área remota. É também uma boa ideia informar antecipadamente o inquilino sobre a velocidade da sua Internet, para que possa decidir se se adequa ou não às suas necessidades (e evitar eventuais queixas). Se tiver uma propriedade maior, verifique a força do sinal em cada divisão e, se necessário, instale amplificadores de sinal Wi-Fi.
2. Crie uma área de trabalho dedicada
Se realmente quiser atrair este perfil de profissionais, invista na criação de um espaço de trabalho dedicado. Instale cadeiras ergonómicas, standing desks, suportes para portáteis e apoios para os pés, etc. Impressoras e material de escritório são bons toques adicionais. Pode parecer um investimento significativo, mas irá fazer a sua propriedade sobressair. Caso não tenha orçamento, aposte num design atrativo, por exemplo, encontre uma boa secretária em segunda mão e coloque-a junto a uma janela com boa iluminação.
3. Invista em tecnologia
Televisores de qualidade, altifalantes Bluetooth, máquinas de café, trotinetes eléctricas e outros aparelhos farão o seu convidado sentir-se mais confortável. Se puder, forneça pontos de carregamento USB ou, caso não seja possível, assegure-se que possui adaptadores universais. Os trabalhadores remotos utilizarão a sua propriedade como casa durante algum tempo, por isso fará toda a diferença para eles. Ter lâmpadas e iluminação ambiente também irá impressionar.
4. Forneça informação local
A restauração para hóspedes de longa duração é muito diferente dos alojamentos de curta duração. Muitos trabalhadores remotos e viajantes em slow travel procuram, muitas vezes, tornar-se parte da comunidade em que estão alojados. Querem comportar-se como locais, e não como turistas, e por isso agradecem informação sobre guias locais ou aulas de yoga, caminhadas e aulas de surf ou quais os melhores espaços de cowork e cafés para trabalhar na área. Procure contactar proprietários destes locais para estabelecer parcerias e proporcionar descontos únicos para os seus hóspedes e acrescentar valor à sua estadia.
5. Estadias longas
Assegure-se de que o equipamento está pronto para estadias mais longas, que todo o equipamento funciona, nomeadamente os aparelhos de cozinha. Disponibilize fornos, máquinas de lavar louça, talheres, pratos e travessas, máquinas de fazer batidos e qualquer outra coisa que permita aos seus convidados sentirem-se em casa. Pequenos toques podem fazer toda a diferença, portanto lembre-se de deixar alguns rolos de papel higiénico e sabonete de mãos na casa de banho – isso evitará que tenham de ir imediatamente ao supermercado.
6. Ofereça preços razoáveis
Para estadias superiores a um mês, é essencial manter-se em linha com os preços médios. Workationers e trabalhadores remotos não pretendem pagar acima do preço de mercado, e não são turistas. Ao oferecer preços razoáveis, é mais provável que atraia inquilinos profissionais e que respeitem a sua propriedade, e que ainda recomendem a amigos. Esteja a par dos valores médios dos imóveis na sua área e procure definir um preço justo.
7. Pense de forma sustentável
A maioria das pessoas ainda está a acordar para a crise climática, por isso faça o que puder para reduzir o seu impacto ambiental (os seus convidados ficarão gratos pelo esforço). Isto significa a utilização de lâmpadas de baixo consumo, isolar corretamente a propriedade e investir em contadores inteligentes.
Poderá também fazer reciclagem de móveis, comprar móveis em segunda mão ou incentivar a um menor consumo de água (de forma educada, claro). Se vive num lugar de alta exposição solar, considere a instalação de painéis solares.