É um dos maiores projetos em curso no Tagus Park e na região de Lisboa, vai acolher mais de 2.000 trabalhadores e quer ser um exemplo de sustentabilidade ambiental e corporativa. As obras para a construção do campus do Novo Banco no Tagus Park, em Porto Salvo já arrancaram, numa área com 55 mil metros quadrados onde vai ser materializada a mini-cidade da instituição bancária, que terá muito mais do que espaço para trabalhar. Mais de metade desta área foi destinada a área verdes e caminhos pedonais para os momentos de pausa dos trabalhadores.
Projetado pelo premiado ateliê Openbook para receber a exigente certificação WELL (ver caixa), o campus vai cruzar áreas de escritório e salas para reuniões de trabalho com diversas zonas de lazer entre os quais um ginásio, refeitório e bar com esplanada com vista para o jardim, sala de meditação e múltiplas áreas integradas na envolvente verde onde é possível trabalhar, relaxar ou almoçar. Benesses fundamentais no panorama atual de criação de novos espaços de trabalho, que se querem amigos do ambiente e das pessoas.
O projeto da Openbook propõe unificar três edifícios pré-existentes através de uma profunda intervenção e construir um quarto volume, de modo a criar um só espaço empresarial interligado por diversas áreas desenhadas para trabalho individual ou em grupo, num registo mais institucional ou informal.
“Já tínhamos cerca de 900 pessoas a trabalhar no Tagus Park que estão neste momento a ser transferidas para edifícios na proximidade de modo a não serem incomodados com as obras que irão decorrer. O objetivo é que já no final deste ano parte das 1200 pessoas que trabalham ainda em Lisboa sejam transferidas para o novo Campus e a outra parte no primeiro trimestre do ano seguinte”, explicou Catarina Horta, diretora do departamento de Capital Humano à Visão Imobiliário, com quem partilhou, em primeira mão, as imagens 3D do campus Novo Banco.
Atualmente, as mais de 1.200 pessoas que se encontram no centro de Lisboa estão distribuídas por um edifício da Rua Castilho, outro no Marquês de Pombal e na atual sede situada na cobiçada Avenida da Liberdade, que tem o metro quadrado mais caro da capital, um “edifício que será colocado à venda”, segundo fonte oficial do banco.
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Para o novo espaço, o objetivo é criar também um conceito novo, diz a responsável. “Neste momento em Lisboa estamos separados por três edifícios, verticalizados, mas iremos passar para uma estrutura horizontal, interligada. Portanto, tudo muda, é mesmo um novo paradigma”, reforça a responsável.
“A sede está a ser desenhada para integrar as diferentes formas de trabalhar. Há pessoas que têm uma metodologia ou funções mais colaborativas, outras mais introspetivas. Este novo espaço vai permitir tudo isso. Mas não queremos que o novo campus seja um local onde se vá apenas trabalhar mas também um espaço onde as pessoas possam fazer exercício, cowork e desfrutar dos espaços ao ar livre”, exemplificou ainda Catarina Horta.
A questão do bem-estar dos colaboradores e da sustentabilidade da nova sede já tinha sido sublinhada pelo CEO do Novo Banco, António Ramalho quando foi anunciada a construção do campus no ano passado. Fundamental para o plano estratégico da instituição, pretende-se que esta mini-cidade promova a sustentabilidade ambiental e energética e permita criar um ambiente equilibrado para os colaboradores.
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O projeto tem em curso um processo de candidatura para uma das mais exigentes certificações, a LEED, para a área da eficiência energética e ambiental e outra também para a certificação WELL mais direcionada para a produtividade e bem-estar dos colaboradores.
“Esta certificação vai integrar não só todos os critérios para garantir a boa qualidade do ar, o conforto térmico, a luminosidade adequada ou a existência de pontos de água em cada 30 metros, por exemplo, como pormenores que passam pela quantidade de vegetais, de sal ou de lípidos em cada refeição”, especificou ainda Catarina Horta.
A total operacionalidade do Novo Banco campus, no Tagus Park, em Oeiras, está prevista para a primavera de 2023.
Sustentabilidade em alta
Os edifícios querem-se sustentáveis e amigos do ambiente mas querem-se também amigos das pessoas, um estatuto que vai além da sustentabilidade arquitetónica do imóvel e que passou a ter uma designação à medida. Chama-se certificação Well, avalia o bem-estar dos utilizadores de um edifício e defende a ideia de que os imóveis podem e devem promover a saúde mental e física das pessoas.
Avaliado pelo International Well Building Institute, que faz parte do mesmo grupo americano que atribui a classificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) – que promove as regras de sustentabilidade dos edifícios -, o certificado WELL tem vindo a ganhar impulso nos anos mais recentes, alinhado com as exigências de um modelo de construção para o imobiliário que valoriza a motivação dos colaboradores.
Conseguir a certificação WELL significa que se passou com distinção em vários critérios – Ar, Água, Nutrição, Luz, Movimento, Conforto Térmico, Acústica, Materiais, Mente e Comunidade – nos espaços avaliados.
Um estudo recente da consultora CBRE intitulado ‘Is sustainability certification in Real Estate worth it?’, concluia que os edifícios certificados registam rendas mais elevadas e taxas de disponibilidade mais baixas do que outros sem qualquer certificação.
O estudo analisou a evolução da oferta de escritórios e da ocupação aos longo dos últimos cinco anos, em 15 cidades europeias, incluindo Lisboa, compreendendo um total de 128 milhões de metros quadrados. Foram considerados edifícios com as certificações BREEAM, LEED e WELL, assim como HQE, específica de França.
Uma das conclusões do estudo apurou desde logo a importância deste tipo de certificações em contexto pós-pandémico. “Verificou-se uma menor taxa de disponibilidade em edifícios certificados. Em 2020, devido à pandemia, registou-se um aumento generalizado da taxa de disponibilidade, incluindo em edifícios certificados. No entanto, com a recuperação dos mercados após a pandemia, a taxa de disponibilidade em edifícios certificados está novamente a descer, contrariamente a edifícios não certificados”, sublinha o estudo da CBRE.