Maio conseguiu assumir-se como um dos “melhores meses de sempre em termos de investimento imobiliário no âmbitos dos Vistos Gold, apesar do estado de calamidade e das respetivas restrições à mobilidade (nacionais e internacionais)”, revela o relatório mensal de junho da consultora Imovendo.
Em maio,
recorde-se, foram atribuídos 270 ARIs (Autorização de Residência
para Atividade de Investimento, vulgarmente conhecidos por vistos
Gold), mais 217 que no mês anterior e mais do dobro dos atribuídos
no mês homólogo do ano passado quando foram atribuídos 120
vistos.
A sustentar esta subida estiveram os investidores
chineses e brasileiros (e, em menor grau, americanos, indianos e
turcos) que, ao investirem no imobiliário nacional, procuram
assegurar a aquisição de ativos seguros, que lhes garantam uma
elevada proteção face a desvalorizações cambiais nos seus países
de origem (como é susceptível de ser observado no caso do Real
brasileiro) e que lhes permitam abrir uma janela de oportunidade,
caso haja a necessidade de ter acesso a um espaço económico,
político e sanitário seguro, como é o europeu, num contexto
global, refere-se no relatório da consultora.
O facto de os preços no imobiliário não terem sofrido quaisquer oscilações significativas (muito por via da tranquilidade que as moratórias bancárias e os lay-off vieram assegurar) e de as novas angariações continuarem a níveis estáveis (ao contrário do que aconteceu em grande parte dos mercados europeus e americanos) contribuiu, também, para que investidores nacionais e internacionais continuem a apostar em Portugal.
“Os números destacam-se não tanto pela sua dimensão, mas pelo ato de curto-circuitarem uma tendência de um certo aparente esgostamento que este veículo de investimento evidenciava ao longo dos últimos dois anos. A dúvida hoje é procurar antecipar se o dinamismo a que se assistiu em maio é para manter. Os dados dizem-nos que não”, antecipa Manuel Braga, CEO da imovendo.
Apesar da procura imobiliária na fase de pós-confinamento ter regressado aos níveis a que se assistiam no início de março, o aparente regresso à normalidade não parece ser sustentável a médio-prazo, defende o responsável.
“Isto porque parte significativa da procura teve origem em fevereiro e março, tendo sido interrompida pelo confinamento. Além disso, parte do dinamismo da procura de moradias ou imóveis com terraço está relacionado com o ‘trauma’ que o confinamento criou e cujo impacto tenderá a diminuir e porque o arrefecimento económico e o crescimento do desemprego promoverão, já nos próximos meses, uma erosão no dinamismo imobiliário”, realçou o responsável.
O comportamento do Turismo, força moriz da economia nacional ao longo dos últimos anos, será o barómetro de referência para se procurar antecipar como o mercado imobiliário, em particular, e o dinamismo económico, em geral, recuperarão de um trimestre extremamente difícil e conseguirão manter os elevados níveis de interesse e de procura que o mês de maio revelou existir.
Este será o desafio de curto prazo que terá de ser gerido, uma vez que o imobiliário nacional, especialmente ao longo dos dois últimos anos, se encontrou fortemente dependente das dinâmicas turísticas, não apenas como forma de escoamento de produto (no âmbito do Alojamento Local), mas sobretudo, por via da empregabilidade que este sector assegurava e que permitia que muitas famílias decidissem investir na aquisição de habitação própria, conclui-se ainda na análise da Imovendo.