Nos primeiros três meses deste ano foram transacionados 43 532 alojamentos familiares, uma média de 484 casas por dia. Um ritmo que em comparação ao trimestre anterior significou uma diminuição de 11,6%, segundo a análise do gabinete de estudos da APEMIP (Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal).
Neste período, 37 019 das casas vendidas eram imóveis usados, menos 1,1% face ao primeiro trimestre de 2019. Os alojamentos novos, cresceram 1,9% face ao mesmo período homólogo, totalizando 6 513 habitações. Numa análise trimestral, tanto os alojamentos existentes como os alojamentos novos registaram uma variação negativa de 11,6%.
Este decréscimo no número de casas não surpreende o Presidente da APEMIP, Luís Lima, que o justifica com a pandemia de Covid 19.
“A quebra do número de vendas já era esperada devido ao surto pandémico e ao decreto do Estado de Emergência em março, que motivou três situações: o adiamento de escrituras, o encerramento dos estabelecimentos ao público e o impedimento de realizar de visitas presenciais a imóveis. Perante esta situação, era expectável que o número de vendas registasse um decréscimo, que deverá ser ainda mais acentuado no segundo trimestre deste ano”, antecipou o representante das imobiliárias.
Estrangeiros vão regressar
Apesar de preocupado com a evolução do mercado, Luís Lima revela-se otimista perante as perspetivas do mercado.
“Nenhum setor está imune às consequências desta crise pandémica e o imobiliário também não está. O comportamento da economia e a estabilidade laboral das famílias influencia diretamente o desempenho do mercado. No entanto, acredito que este setor será um dos primeiros a recuperar, alavancando eventualmente outros como o turismo, cuja recuperação se espera mais lenta”, reforçou ainda, apontando oportunidades no investimento estrangeiro e no arrendamento urbano.
“Temos tido sinais, confirmados aliás por algumas entidades financeiras, de que a procura por estrangeiros se tem vindo a acentuar, motivada pelo bom desempenho do País na gestão sanitária desta crise. Apesar de não haver ainda concretizações, logo que se registe a reabertura de algumas rotas aéreas e a confiança para viajar, deveremos reaver o investimento estrangeiro no sector. Por outro lado, o arrendamento urbano seguirá como um novo paradigma de atuação para o sector, quer numa perspetiva investimento, quer numa perspetiva de mercado” sublinhou Luís Lima.
No primeiro trimestre de 2020, o valor da venda de casas superou os 6,7 mil milhões de euros, um aumento de 10,4% face a idêntico período de 2019 (6,1 mil milhões de euros, no 1.º trimestre 2019).
Deste valor total, cerca de 5,4 mil milhões de euros correspondem a alojamentos existentes e 1,4 mil milhões de euros a transações de alojamentos novos. Em termos homólogos, representou um aumento de 9,1% e 15,7%, respetivamente.
Em termos regionais, no 1º trimestre de 2020, foram vendidos 15 433 alojamentos familiares na Área Metropolitana de Lisboa e 12 168 na Região Norte. A Área Metropolitana do Porto contou com 7 209 transações.
No período em análise, o valor das habitações transacionadas na Área Metropolitana de Lisboa ascendeu aos 3,2 mil milhões de euros, representando um peso de 48% do valor total. A região do Norte registou 1.6 mil milhões de euros, seguindo-se a região centro com 786 milhões. Na Área Metropolitana do Porto, o valor das transações fixou-se nos 1 mil milhões.