Arrendar uma loja com 100 m2 no Chiado custa a módica quantia de 14 500 euros por mês. Os 145 euros por metro quadrado bateram níveis históricos, “fazendo do Chiado o destino mais caro para instalar lojas em Portugal”, realça o relatório Portugal Real Estate Market apresentado esta semana pela JLL.
Estes valores astronómicos são ditados por um desequilíbrio acentuado entre a grande procura que existe de marcas nacionais e estrangeiras que querem estar no epicentro do fluxo de turistas e escassa oferta de imóveis. “No Chiado existem apenas 1.130m2 de área disponível. Destes, 700m2 estão disponíveis num prédio reabilitado cuja área para lojas carece de intervenção, e 430m2 estão neste momento ocupados, mas vão ficar disponíveis”, disse à Visão Imobiliário Patrícia Araújo, diretora do departamento de retalho da JLL.
Não admira pois que os preços das transações somem valores nunca antes vistos no mercado nacional. Foi o que aconteceu na semana passada quando a família que detém a Porto Editora adquiriu um imóvel com 400 m2 nesta zona por 7,2 milhões de euros, naquela que foi a maior transação de sempre de uma loja de rua em Portugal (uma operação intermediada pela consultora imobiliária Decisões e Soluções), como anunciou o Dinheiro Vivo . Recorde-se que o grupo editorial já detém no Chiado a icónica loja Bertrand.
Também a Baixa tem registado uma procura sem precedentes, uma pressão que tem feito disparar as rendas que tiveram um acréscimo significativo de 50 euros o metro quadrado no espaço de apenas quatro anos, situando-se atualmente nos 110 euros o m2. “A procura aqui tem sido muito significativa e deixou de haver o foco só na rua Augusta, cujo espaço é muito limitado. Assistimos as marcas a expandirem –se por outras artérias da Baixa como a Rua do Ouro, o Rossio e outras paralelas”, apontou Patrícia Araújo, destacando o grande potencial que existe também no Rossio, no quarteirão da Pastelaria Suíça.
No top 3 do ranking das rendas mais caras de Lisboa está a Avenida da Liberdade “que registou grande dinamismo no ano passado, depois de ter estado estagnada vários anos por falta de oferta de lojas, contando com aberturas como o JNcQUOI Asia, Lúcia Piloto, Boggi, Omega, entre outras; e prevendo para 2020 novas aberturas de importantes marcas internacionais. Esta foi aliás a zona de maior crescimento das rendas em 2019, passando de 90€/m²/mês para 110€/m²/mês, evidenciando um aumento de 22%, refere o estudo da JLL.
“Este ano já estão previstas mais sete aberturas e vai continuar a existir espaço para crescer”, afiança a diretora da área de Retalho da JLL, acrescentando que há ainda uma área disponível de cerca de 2.900 m2 de lojas, nesta que é considerada a artéria de maior concentração de marcas de luxo do país.
Com valores bastante abaixo do ‘pódio’ do comércio de rua, surgem em quarto lugar o Cais do Sodré, onde a grande procura continua orientada para a restauração e o Príncipe Real, que mantém uma elevada procura e um enorme fluxo de pessoas. Em ambas a renda é de 45€/ m²/mês.
Na rua Castilho a renda de 30€/ m²/mês “tem mantido a sua performance em linha com o ano passado e destacam-se ainda “os bairros residenciais de Campo de Ourique (25€/m²/mês) e Alvalade (35 €/m²/mês), onde as inaugurações continuam a acontecer, transformando-se o primeiro bairro até num destino de restauração”, refere-se ainda no estudo da JLL.