Para marcar a chegada aos 30 anos, a VISÃO lança a rubrica multimédia “Ideias com VISÃO”. Serão 30 semanas, 30 visionários, 30 ideias para fazer agora. Da ciência à saúde, das artes ao humor, das empresas ao ambiente, figuras de referência nas mais variadas áreas darão os seus contributos para pensar um Portugal melhor. Semanalmente em papel e aqui em vídeo.
A minha ideia é o voto passar para os 16 anos, como parte de uma grande revolução na participação cívica.
O voto aos 16 anos é uma forma fundamental de trazer, o mais rápido possível, os jovens para a política. A democracia é um hábito, que deve ganhar-se cedo e num ambiente de proximidade com instituições, como a escola e a família, e aos 18 anos muitas vezes isso não acontece.
É uma proposta já experimentada em vários países europeus, aplicada na Escócia com grande sucesso, no referendo da independência em 2014, na Áustria, e que tem trazido mais participação jovem e consolidada também no futuro.
Por que razão isto é importante? Porque, tal como a reforma do funcionamento interno dos partidos, que devia incluir a sua abertura às primárias, e a reforma do financiamento dos partidos, que devia tentar evitar a interferência excessiva de grandes grupos económicos no funcionamento interno dos partidos, bem como a reforma do sistema eleitoral, que devia deixar de deitar para o lixo os votos do Interior, com um sistema de círculo nacional de compensação e não círculos que acabem por forçar o voto útil, o voto aos 16 é uma maneira de as pessoas sentirem que o seu voto é desde cedo importante e que não é menorizado. Esta é uma idade em que os jovens já têm consciência política, tanta ou mais do que na outra ponta do espectro etário.
Num momento em que corremos o risco de ter regimes gerontocráticos, em que os mais velhos concentram em si todo o poder eleitoral, porque vão ser a fatia mais sobrerrepresentada do eleitorado, era bom ter este contrabalanço de populações mais jovens, para assim garantir decisões menos centradas só no presente e mais no impacto futuro das políticas públicas. É fácil de implementar, se existir vontade política e se não existir infantilização destes eleitores.