Estamos habituados a associar a palavra hacking a intrusões mal intencionadas em sistemas informáticos, mas o termo é mais abrangente – significa encontrar maneira de dar outra funcionalidade a algo, além daquela pela qual foi criada em primeiro lugar. Por exemplo, há pessoas que são especialistas em ‘hackear’ mobiliário, tornando-o muito mais funcional.
E aplicar a mesmo lógica ao corpo humano? É aqui que nasce o conceito de biohacking, que na prática significa otimizar o funcionamento do corpo para que consiga fazer mais e melhor. Existem três grandes motivações que levam as pessoas a praticarem biohacking: melhorar o desempenho numa tarefa específica; tentar aumentar a longevidade; ou dar ao corpo funcionalidades que não tem. E dependendo do objetivo pretendido, as atividades de biohacking podem ser mais ou menos intrusivas. Um exemplo comum é o registo de informação, por meio de wearables, dos ciclos de sono – mediante a informação, é possível depois criar práticas e hábitos para ‘forçar’ o corpo a dormir melhor.
Mas dentro do biohacking, o transhumanismo é uma das áreas que começa a ganhar maior destaque – na prática significa a incorporação de tecnologia para melhorar e evoluir o corpo. Neil Harbisson, conhecido como o homem-ciborgue, tem uma antena na cabeça que lhe permite ‘ouvir’ cores. A artista Moon Ribas tem um sensor num braço que vibra sempre que há um tremor de terra, para que possa dançar ao ‘som’ do mundo. Já a empresa Epicenter, de origem sueca, implanta chips no corpo dos funcionários (nos que o permitem) para que possam abrir portas, ativar impressoras e comprar alimentos em máquinas de venda automática. Elon Musk, o conhecido empreendedor sul-africano, através da empresa Neuralink, está a desenvolver implantes cerebrais que vão permitir comunicar através do pensamento e carregar novas informações (upload) para o cérebro. A Universidade da Califórnia, nos EUA, está a desenvolver tatuagens eletrónicas que monitorizam os níveis de glicose no sangue, essencial para pessoas com diabetes.
Seja por comodismo ou por necessidade, o biohacking promete continuar a ganhar cada vez mais adeptos – e, se quiser fazê-lo, procure sempre ajuda de um profissional de saúde.
É importante porque
Com o desenvolvimento da robótica e da Inteligência Artificial, há quem acredite que, para o Homem se manter competitivo, terá de evoluir – um caminho que passará muito pela integração de sensores, chips e módulos tecnológicos no tecido biológico
“Compreender o futuro” é uma parceria entre a Exame Informática e a Altice Empresas para explicar novos conceitos na Ciência e Tecnologia