A Radeon RX 480 ainda nem aqueceram o trono do segmento do desempenho/preço para os jogadores e eis que já têm uma pretendente a roubar-lhes o lugar. Chama-se GeForce GTX 1060 e é a mais recente unidade de processamento gráfico (GPU) da Nvidia.
A mesma genética
Como é óbvio pelo nome, este processador gráfico faz parte da nova série GeForce 1000. É o terceiro elemento da família, depois do lançamento dos topos de gama GTX 1080 e 1070.
A principal característica genética que une estas três GPUs é a arquitetura Pascal, cuja grande novidade é a utilização do processo de fabrico de 16 nanómetros. Uma diminuição do tamanho dos transístores importante, já que o processo de fabrico que a Nvidia usava e usa na linha 900 é de 28 nanómetros. Como é habitual, esta redução significa que é possível colocar mais transístores na mesma área e aumentar a eficiência energética. O que, na prática, significa mais desempenho com menos consumo energético.
Na realidade, a potência elétrica máxima anunciada para as novas placas gráficas é o mesmo das antecessoras: 120 watts. Mas o que está dentro do chip, que até ficou ligeiramente mais pequeno, é bem diferente: mais unidades CUDA, mais frequência, mais unidades de textura, mais largura de banda, mais memória cache… Mais tudo. Só por si, o reforço do hardware significaria desempenho extra, mesmo que a Nvidia não tivesse feito qualquer alteração.
Mais inteligente
Mas a Nvidia fez alterações importantes na arquitetura de processamento. Boa parte delas para responder às novas exigências da Realidade Virtual. Algumas das novidades, que já conhecíamos do testes das GeForce GTX 1080, são bem inteligentes, já que permitem diminuir os dados a processar.
Um dos melhores exemplos é o Lens Matched Shading (LMS). Uma técnica com um nome estranho mas que, na prática, pode conduzir a um aumento significativo da fluidez dos jogos em RV. O LMS funciona através da eliminação dos píxeis que não são visíveis nos óculos de RV devido à natural distorção das lentes – há partes da imagem que são removidas das margens para compensar a distorção e planificar a imagem. Tradicionalmente, toda a imagem é processada e depois é removida a parte que não é mostrada. Com o LMS, começa-se por eliminar as partes da imagem que, à partida, o sistema já sabe que não vão ser apresentadas de modo a evitar processamento desnecessário. De acordo com a Nvidia, esta técnica adapta-se a quaisquer óculos RV.
Talvez ainda mais inteligente seja o Simultaneous Multi-projection (SMP), uma técnica, ou melhor, um conjunto de técnicas criadas para adaptar os gráficos processados à variação de sistemas de ecrãs atualmente disponíveis, incluindo PC ligados a vários ecrãs/projetores. Por exemplo, se se usar um sistema com três ecrãs lado-a-lado, o jogo “entende” isto como sendo um único ecrã bastante largo (com 3x a resolução horizontal). E, como tal, os gráficos são apresentados como se de um ecrã plano se tratasse. O problema é que nestes sistemas os jogadores tendem a mudar a orientação dos ecrãs laterais para criar um efeito evolvente. Mas como não há compensação dos gráficos, as imagens laterais ficam distorcidas. É como se estivéssemos a olhar para uma janela situada à nossa esquerda mas que, na verdade, mostra a paisagem que fica à frente (continuação da imagem da janela da frente). O SMP altera o processamento da imagem para compensar este efeito, tornando o resultado bem mais realista e envolvente, o que aumenta a amplitude da imagem. Imagine-se um simulador de corridas de carros, por exemplo. O ecrã da esquerda vai mostrar realmente a imagem do que se passa se olhássemos para a esquerda e não um simples prolongamento da imagem da frente. Está técnica também é aplicada aos óculos RV e a ecrãs wide curvos, por exemplo.
Mas ainda há mais a dizer sobre o SMP. Outra característica única desta tecnologia é a capacidade de processar em simultâneo diferentes ângulos de visualização. Até 16. Deste modo há uma muito maior preparação para a RV ou para sistemas com vários ecrãs. No fundo, cada ângulo representa uma vista e diminui-se em muito a necessidade de processamento.
BENCHMARKS
GeForce GTX 1060 6 GB | Radeon RX 480 8 GB | Diferença em % | |
3DMark Fire Strike Ultra | 2896 | 2680 | 8,06% |
Teste 1 | 15,4 fps | 13,1 fps | 17,56% |
Teste 2 | 10,4 fps | 10,5 fps | -0,95% |
Teste física | 28,1 fps | 28,1 fps | 0,00% |
3DMark Fire Strike | 12616 | 9968 | 26,57% |
Teste 1 | 60,1 fps | 57,9 fps | 3,80% |
Teste 2 | 50,4 fps | 50,5 fps | -0,20% |
Teste física | 27,7 fps | 27,9 fps | -0,72% |
Heaven 4.0 (Ultra) | |||
1920×1080 (Full HD) | 113,7 fps | 90,9 fps | 25,08% |
2560×1440 | 63,8 fps | 54,5 fps | 17,06% |
Metro LL | |||
3840×2160 (4K) | 75 fps | 52,7 fps | 42,31% |
2560×1440 | 105,3 fps | 84 fps | 25,36% |
1920×1080 (Full HD) | 106 fps | 99 fps | 7,07% |
SteamVR Performance Test | |||
Qualidade média | 8,3 (Very High) | 6,6 (High) | 25,76% |
Fotogramas testados | 9489 | 8673 | |
Diferença média | 14,05% | ||
Consumo pico | 208 watts | 260 watts |
Sistema de testes: Core i5 6600K (@3,5 GHz), motherboard Asus Z170P, 16 DDR4 (2×8) GSkill 3000 MHz, SSD Samsung 250 GB
E o desempenho?
Mas o que mais importa para os jogadores é: e como resulta toda essa tecnologia em termos de framerates? Bem, muito bem. Fica claro que a GTX 1060 bate a sua concorrência direta, a Radeon RX 480. Mais, os nossos resultados apresentam uma diferença de desempenho médio de cerca de 14%, muito próximo dos 15% de diferença anunciados pela Nvidia. Claro que tudo depende dos testes e dos jogos que se escolhem para a análise. É sempre possível encontrar títulos mais “amigos” da Nvidia e outros mais “amigos” da AMD. Tem a ver com o tipo de tecnologia utilizado nos jogos e também – é bom dizê-lo – com alguns patrocínios.
Mas, no global, a vitória da GTX 1060 é clara. Tanto mais que consegue atingir mais desempenho gastando menos energia.
Depois há a questão de preços. Supostamente, as Radeon RX deveriam ter um preço mais próximo dos 250 do que dos 300 euros. Mas não é o que está a acontecer no mercado nacional – na maioria das lojas encontrámos preços acima dos 300 euros. De acordo com a informação da Nvidia, o preço das GTX 1060 deverá começar ligeiramente abaixo dos 300 euros. A confirmar-se, são preços similares, o que vem reforçar a vantagem da solução da Nvidia. Claro que pode acontecer o mesmo que aconteceu com as Radeon RX 480, ou seja, o preço real ser acima do anunciado. Se assim for, é uma questão de analisar a relação qualidade/preço.
Da 960 à 1060, as características
GPU | GeForce GTX 1060 | GeForce GTX 960 |
SMs | 10 | 8 |
Núcleos CUDA | 1280 | 2048 |
Frequência base | 1506 MHz | 1126 MHz |
Frequência turbo | 1708 MHz | 1178 MHz |
Unidades de textura | 80 | 64 |
Largura de banda memória | 192 GB/s | 112 GB/s |
ROPs | 48 | 32 |
Cache L1 | 1536 KB | 1024 KB |
TDP | 120 watts | 120 watts |
Transístores | 4,4 mil milhões | 2,94 mil milhões |
Dimensão chip | 200 mm² | 227 mm² |
Processo de fabrico | 16 nm | 28 nm |