Recebi o anúncio da chegada da Woo ao mercado com o mesmo entusiasmo que o Ric Flair vociferava essa palavra na década de 80 e 90. Mas, tal como costumava acontecer ao famoso wrestler, algo de mau sucedeu depois de proferir o icónico “Woo!”. Vamos por partes.
A Woo afirma-se como “a primeira telco tech 100% digital em Portugal” e fornece um serviço pelo qual eu ansiava há algum tempo: a contratação exclusiva de Internet. Ou seja, não é preciso estar amarrado a um dos pacotes das três grandes operadoras para desfrutar do serviço que realmente me interessa atualmente. Sim, porque basta um fim de semana de confinamento em casa ou uns dias de férias numa zona mais isolada para constatar que telefone fixo e 200 canais de televisão não me fazem falta. Um smartphone e os canais disponibilizados pela TDT são suficientes para ficar satisfeito. A Internet faz o resto.
O problema é que o que parecia excelente no papel revela-se depois pouco aliciante na prática. Com preços de €23 para Internet móvel, €27 para net fixa, €45 para móvel + fixa e €55 para 1 Gbps de velocidade, dificilmente vai conquistar uma fatia generosa do mercado. No meu caso, mudar para Woo faria com que tivesse de pagar mais para ter menos serviços. Infelizmente, parece-me uma oportunidade desperdiçada para algo que, acredito, teria muita procura.
E depois há um pormenor que mexe com os meus nervos. A Woo refere no comunicado de imprensa que “tem uma cobertura nacional de mais de 90% de rede móvel 4G” e que a net fixa “chega atualmente a 4,6 milhões de casas a nível nacional”. Fui investigar como conseguiam estes valores e no site desta nova operadora lá encontrei uma única referência: “Para te dar a rede que precisas, usamos a infraestrutura da NOS, com a melhor tecnologia 4G e fibra, já pronta para o salto tecnológico do 5G”.
Curioso, contatei a agência de comunicação da Woo a indagar se esta era uma submarca da NOS ou que tipo de relação havia entre as duas empresas. A resposta foi, e passo a citar: “A Woo é uma marca que vai operar de forma autónoma. Nasceu do conhecimento técnico e humano da NOS, mas seguirá o seu caminho de forma totalmente autónoma e independente”. Fiquei na mesma.
Mas não me parece um bom princípio esta tendência para a ocultação. Sim, bem sei que as operadoras de telecomunicações costumam ser um saco de pancada dos utilizadores (muitas vezes com razão), mas porquê não assumir de raiz o tipo de ligação com a NOS? Não me parece nenhum segredo que uma relação duradoura tem na sinceridade um fator-chave.
Assim sendo, lá vou continuar à espera que surja uma oferta verdadeiramente competitiva para um serviço de apenas Internet. Quem espera sempre alcança?