É uma promessa ambiciosa: a maior mudança de design dos últimos anos naquele que é o maior sistema operativo do mundo. Mas é isso mesmo que a Google pretende concretizar com o Android 12. Além das alterações que a própria Google vai executar no sistema operativo, a tecnológica quer ir mais longe, permitindo que os programadores possam reajustar o design de cada aplicação, automaticamente, em função das imagens definidas pelo utilizador. “O telefone deve adaptar-se a ti e não ao contrário”, começou por dizer Sameer Samat, vice-presidente de produto na gigante americana.
Há já vários anos que o Android usa uma linguagem de design unificada, conhecida como Material Design. Esta nova versão foi apelidada de Material You, numa alusão ao poder que dá ao utilizador para personalizar vários aspetos do smartphone a seu gosto e de forma rápida.
Um exemplo desta nova filosofia: sempre que o utilizador mudar a imagem de fundo do smartphone, o Android 12 vai adaptar a paleta de cores da interface em função dos tons daquela imagem. O sistema vai procurar quais as cores dominantes, quais as outras que estão associadas e ainda cores que, visualmente, funcionam bem em conjunto.
A Google vai também estrear um novo sistema de widgets no Android 12. Ainda que esta seja uma funcionalidade antiga no sistema operativo – e que só recentemente a Apple implementou no iOS –, a tecnológica procura agora dar maior espaço de criatividade aos programadores no desenho de widgets. E à semelhança de outros elementos, vão adaptar a sua cor em função do local que estão a ocupar no ecrã para uma melhor visibilidade.
Outro elemento diferente nesta nova linguagem visual são os atalhos rápidos, acessíveis quando deslizamos o dedo a partir da parte superior do ecrã, que estão maiores e com maior contraste – para que seja mais fáceis de ligar/desligar e para que o utilizador possa saber de forma mais imediata quais estão em funcionamento ou não.
No geral, o sistema operativo tem também mais elementos de animação gráfica – por exemplo, quando desbloquear o smartphone existe um efeito de ondulação –, mas as novidades vão além de um redesenhar da interface e da experiência de utilização.
Outros destaques no Android 12
Apesar da mudança gráfica, a Google garante que o desempenho não irá sair prejudicado, bem pelo contrário: graças a otimizações feitas no software, a empresa conseguiu reduzir a necessidade de ser usar os principais núcleos de processamento dos smartphones em 15%, o que deverá traduzir-se numa melhor gestão da bateria.
A Google estreia ainda no Android 12 um novo painel de privacidade, que vai dar uma visão agregada de quais componentes do smartphone – como o microfone e a câmara – mais usados pelas aplicações. E a partir deste novo menu, será possível desligar o acesso das apps a alguns componentes do dispositivo, assim como será possível bloquear a câmara e o microfone diretamente a partir dos atalhos rápidos.
O sistema operativo vai ainda mostrar, através de ícones na parte superior direita, quando uma app está a usar a câmara ou o microfone (ou ambos). Ainda no campo da privacidade, a Google vai dar a opção ao utilizador de partilhar apenas a sua localização aproximada, e não a localização exata, a algumas apps – como a própria empresa exemplifica, a uma app de meteorologia basta saber que o utilizador está na cidade X e não precisa de saber que está na rua Y.
Outro aspeto que a Google tenta melhorar com a nova versão do Android é a ligação entre o smartphone e outros gadgets. Há, por exemplo, uma melhor integração com os portáteis Chromebook (pouco populares em Portugal), que permite receber notificações no computador se o smartphone estiver por perto. O Android 12 vai ainda funcionar como um comando para equipamentos Android TV, inclusive no processo de escrita de caracteres (para fazer a autenticação ou pesquisa em apps no televisor, p.ex.).
Por fim, a Google anunciou ainda que o Android 12 vai suportar chaves digitais para carros, ou seja, o smartphone poderá ser usado para abrir/fechar e fazer arrancar veículos compatíveis. Os detalhes sobre esta novidade foram escassos, com a empresa apenas a nomear a BMW como um dos fabricantes parceiros e a indicar que o sistema tanto funcionará por Bluetooth como por Ultra Wide Band (UWB).
Quando fica disponível?
A primeira versão pública de testes do Android 12 fica disponível já nesta terça-feira para uma série de equipamentos das seguintes marcas: Asus, Google, OnePlus, Oppo, Realme, Sharp, Tecno, TCL, Vivo, Xiaomi e ZTE. Pode ver, em pormenor, quais os dispositivos suportados aqui.
Quanto à disponibilidade geral, sabe-se que vai chegar primeiro aos smartphones Google Pixel durante o outono, seguindo-se depois o lançamento em equipamentos de outras marcas, mas sem datas específicas anunciadas.