«Quando o lançámos (ao Echo) há 3 anos, os utilizadores não conseguiam obter equipamentos suficientes. Recebemos, na Amazon, fotografias de uma pessoa que chegou a abrir um buraco na parede entre a cozinha e a sala e colocou lá o Echo para o poder usar em ambas as divisões», explica Al Lindsay, o Vice-Presidente da Amazon que tem a seu cargo o desenvolvimento da Alexa. Lindsay fazia uma pequena viagem no tempo à altura em que os primeiros dispositivos Echo chegavam ao mercado em quantidades ínfimas. A Amazon testava o conceito de integrar a Alexa, o seu assistente virtual, em equipamentos produzidos por aquela que é a maior empresa do comércio eletrónico.
A gestão da escassez parece ter resultado. Hoje, a Amazon tem vários equipamentos a integrar Alexa e a divisão onde está integrado o desenvolvimento do reconhecimento de voz cresceu consideravelmente desde as poucas centenas que estiveram na sua génese. «A Amazon tem 5 mil pessoas dedicadas ao Alexa. Desde os que desenvolvem o harware até, por exemplo, aos que trabalham no reconhecimento dos comandos de voz», explicou Lindsay.
Um dos fatores de sucesso da plataforma de reconhecimento de voz e inteligência artificial da Amazon baseia-se no trabalho realizado com parceiros: «Trabalhamos com muitos parceiros, como a BMW ou a Ford para que o carro possa ser ligado com comandos de voz, por exemplo. Mas não só. Temos centenas de parceiros num vasto ecossistema que produz as mais variadas funcionalidades baseadas na Alexa. É esta colaboração que permite que tenhamos agora 25 mil capacidades disponíveis nesta plataforma». E Lindsay explicou o que está na origem da massificação da Alexa: «Tornámos as APIs da Alexa públicas. Por isso, o futuro da plataforma só está limitado pela imaginação dos programadores. Tenho a certeza que seremos surpreendidos pelas formas que esta tecnologia vai assumir».
As palavras do VP da Alexa são facilmente comprováveis pelo elevado número de equipamentos disponíveis no mercado que já suportam a plataforma. As colunas de som são os sistemas de eleição, mas também os automóveis, os televisores e, por exemplo, os eletrodomésticos estão a ganhar capacidade de interagir com comandos de voz. Para Lindsay a opção pela utilização da voz como comando para a tecnologia é facilmente explicável: «A voz é um user interface muito mais natural. Podemos até ter ecrãs nos equipamentos, mas a ideia é que se possa fazer as perguntas e obter as respostas. Sem ser necessária qualquer tipo de outra interação. Aliás, a voz vai ser a ferramenta para interagir nos mais diversos ecossistemas. Seja em casa, no escritório ou, por exemplo, num hotel. E, claro, é muito mais fácil ensinar as pessoas a aprender comandos de voz, do que outros tipos de interação mais complexos. Em última análise, a voz faz parte de nós.»
Mas os ecrãs não ficam esquecidos!
A Amazon está apostada em levar a Alexa a cada vez mais dispositivos e ecossistemas. No entanto, a empresa não abdica dos ecrãs. Aliás, o seu mais recente equipamento a integrar o assistente de voz tem um ecrã – o Echo Show. «Os painéis fazem sentido e são um complemento em algumas situações. Por exemplo, se fizer uma busca na Internet não estará à espera de ouvir centenas de resultados. Aí, é preferível ver».
A Amazon antecipa um mundo onde a voz é o principal sistema de interação com a tecnologia. E Lindsy terminou a sua talk com um exemplo muito específico de como não está a descrever um cenário, mas a comprovar uma realidade que já conhece. «Estamos apenas a uns anos para que isto (os assistentes virtuais) fique massificado. Aliás, há colegas nossos que têm crianças pequenas que usam Echo’s em casa. Elas, as crianças, já interagem com a voz com quase tudo. Claro que ficam confusas quando o frigorífico ainda não reage», explicou, com alguns risos à mistura, o homem que tem a responsabilidade de colocar o mundo da Amazon a falar com a tecnologia do quotidiano.