S.O.U.N.D. deve o nome ao enredo do jogo: neste título, o jogador deverá produzir música através da interação com os vários elementos e cenários de cada nível. Foi desenvolvido para o iOS – e em especial para iPhones. Ana Filipe, Hugo Gonçalves e Nuno Aniceto são os criadores do jogo.
Susmani’s Journey é um jogo que de puzzles 2D, em que o utilizador tem de usar diferentes bolas para superar vários desafios e obstáculos. As bolas têm diferentes funções e respeitam as leis da física. Foi desenvolvido para jogar em telemóveis – já há uma versão para iOS, com oito níveis. Autores: António Sousa, Fernando Macedo e João Nunes
I want to be weak foi uma das ideias mais votadas nas aulas de desenvolvimento e tecnologias de jogos, mas a ideia original, de criar um jogo que tem por objetivo tornar o jogador mais fraco, em vez de o tornar mais forte, acabou por ficar a meio. Na Mojo, foi apresentada um jogo de plataformas que por enquanto está resumido a um único nível. Os mentores do jogo admitem prosseguir com a ideia nos tempos mais próximos. Autores: Filipe Tavares e Rúben Abóbora (na foto)
Nightmare tem por protagonista um jovem preso por uma maldição num pesadelo. Ao jogador cabe a missão de o libertar dos diversos labirintos que são criados através de puzzles e plataformas.Para passar de nível, o jogador tem de usar de forma adequada sons, vibração e uma denominada matéria X que permite pintar os vários caminhos seguidos. Criadores do jogo: Daniel Simão, David Silva, Miguel Nixo e Pedro Geraldes
Em Catch that teacher, o protagonista é um jovem estudante, que tem de descobrir um professor o mais rapidamente possível para garantir uma boa nota no final de cada nível. O jogo segue a tradicional lógica do side-scroller. Sara Martins e Vasco Rodrigues são os criadores do jogo.Autores: Diogo Santos, Sara Martins e Vasco Rodrigues,
Of Dungeons and Djinn é um jogo de combate, que como indica o nome, se passa num ambiente de masmorras.O jogador deve tentar capturar Djinns em cada combate; o enredo é inspirado nas runas e contempla ainda minijogos e puzzles. Trata-se de um título criado para o segmento de aficionados de jogos RPG. Autores: Alexandre Costa, André Alonso, Diogo Tomé, Iolanda Correia e Rafael Ramos.
Doodle Unites é um jogo de cooperação que pressupõe dois jogadores. O jogo tem por protagonistas dois bonecos desenhados que vão perdendo cor à medida que percorrem os diferentes cenários. De forma articulada (os dois jogadores estão amarrados por uma corda) os dois jogadores têm de recuperar a cor capturando pintas que se encontram dispersas pelos vários níveis. O jogo contou com o apoio da escola de design Odd School. É provavelmente o jogo mais sofistcado que passou pela Mojo. Daniel Morais, Gabriel Alves e Luís Neves são os criadores do jogo.
Sightless é um jogo de desafios, em que a personagem principal é cega, mas vai conhecendo o mundo sob as perspetivas de vários interlocutores para poder evoluir na trama. O jogo vai evoluindo através de puzzles e sidequests. Rúben Rebelo, Diana Pinguicha, e Fábio Alves são os criadores deste jogo.
Fox Ninja é um típico jogo de plataformas em que o protagonista, ou melhor, uma raposa tem por missão apanhar vários shurikens. O jogo tem como atrativo um modo stealth, em que o jogador tem de passar despercebido por inimigos imbatíveis. O jogo garantiu um segundo lugar no concurso Pizza Night da Microsoft. Criadores do jogo: Nuno Costa e Rúben Geraldes.
Numa frase, Daniel Morais explica como se passa de uma folha de papel para videojogo pronto a estrear: «A ideia de criar o Doodle Unites surgiu quando estava a fazer um desenho». Doodle Unites é um dos nove jogos que passaram na Montra de Jogos (Mojo) organizada pelo curso de Engenharia Informática e de Computadores do Instituto Superior Técnico, no Taguspark. Daniel Morais, finalista do curso, tem razões para estar otimista quanto ao futuro deste jogo de cooperação, que «não é aconselhável jogar sozinho»: Duas semanas antes, o Técnico recebeu a visita de Warren Spector, criador de títulos como Deus Ex e Epic Mickey. Sobre Doodle Unites disse estar «pronto para ir para o mercado dentro de dois meses». Daniel Morais e restante equipa vão poder ver o que vale a ideia que nasceu numa folha de papel, com apresentando o Doodle Unites à votação dos utilizadores da plataforma Steam, numa iniciativa conhecida por Green Light.
Os nove jogos da Mojo foram produzidos nas cadeiras de Desenho e Desenvolvimento de Jogos e Tecnologias de Jogos. «No Desenho e Desenvolvimento de Jogos, tentamos que vão muito além das questões relacionadas com as tecnologias, e que explorem questões relacionadas com a criatividade e a expriência», explica Rui Prada, um dos três professores que lecionam as duas cadeiras.
Na cadeira de Tecnologias de Jogos, os alunos têm de implementar as ideias que foram votadas e escolhidas pela turma. Durante esta fase, os jovens são confrontados com um contrarrelógio que não está livre de imprevistos: «No jogo I want to be weak, o personagem principal é um deus que tem por objetivo ficar mais fraco e humano. Só que não estávamos a conseguir dar a volta à jogabilidade e optámos por criar um jogo de plataformas, com um único nível, e apenas com teleporte e bolas de fogo. Fizemos este jogos em cerca de quatro meses, mas tivemos de mandar muito desse trabalho fora…», explica Ruben Abóbora, aluno do Técnico e um dos criadores de I want to be Weak.
Durante o desenvolvimento dos jogos, os estudantes do Técnico contaram com o apoio da escola de design Odd School e da Miniclip. Alguns jogos terão mesmo superado as exigências técnicas das duas cadeiras dedicadas aos jogos. Mas nem só de técnica vivem os jogos.
A dimensão das equipas e o tempo disponível podem fazer a diferença em disciplinas em que os alunos trabalham mais do que é costume. «Também é normal haver conflitos entre membros da equipa que fazem com que as coisas por vezes não funcionem. Queremos que os nossos alunos passem por esse lado humano. E as parcerias que estabelecemos com outras entidades também nos ajudaram a melhorar o trabalho de equipa», explica Rui Prada.
Quatro dos jogos desenvolvidos para a Mojo foram desenhados para operar em telemóveis – uma tendência que, tudo indica, será reforçada nos tempos mais próximos.
«É rara a pessoa que hoje não tem telemóvel; e também começa a ser raro ter um telemóvel e não jogar jogos nesse telemóvel», responde João Nunes, um dos criadores de Susmani’s Journey, quando inquirido sobre o motivo que o levou a desenvolver um jogo para o sistema operativo dos iPhones e iPads.
Nem todos os jogos têm como fonte de inspiração uma folha de papel: no caso do Susmani’s Journey há um grau de parentesco com um jogo conhecido como World of Goo: «Não, o nosso jogo não é uma imitação. Apenas nos inspirámos no World of Goo para criar um jogo sem as coisas que não gostámos no World of Goo. Um exemplo: os nossos Susmanis não estão presos e por isso, caem, por vezes, onde não devem», reitera João Nunes.
João Nunes e os seus colegas de equipa tiveram de aprender a programar em Objective C para poder produzir um jogo para iOS. Noutros títulos presentes na Mojo, os criadores de jogos optaram pela programação em C# e pelo uso do motor Unity, bem como repositórios de módulos gráficos e músicas que são distribuídos gratuitamente desde que não haja propósitos comerciais.
Rui Prada não tem dúvidas: não falta talento à comunidade nacional. «Há, pelo menos, quatro jogos que são inovadores… mas que precisam de investimento. O problema é a divulgação. Há empresas portuguesas que fazem coisas com qualidade. Só que há um problema de divulgação», sublinha o professor do Técnico.
No segmento dos telemóveis, os projetos independentes e de baixos recursos terão mais facilidade em singrar – e por isso, há quem como João Nunes mantenha a expectativa de conseguir fazer negócio com projetos como Susmani’s Journey. Rúben Abóbora tem perspetivas diferentes no que toca a uma carreira dos jogos: «Só como última alternativa é que iria para outra área. Admito ter de ir para o estrangeiro para prosseguir este sonho».
Nas imagens inseridas nesta página pode saber um pouco mais sobre os nove jogos produzidos na Mojo e a Montra de Jogos que teve lugar na passada quarta-feira.