Perceber o negócio da Liquid é também perceber como é que se pode criar a app perfeita. No caso da startup portuguesa, a busca pela app perfeita teve por ponto de partida um conjunto de ferramentas que analisam a atividade dos internautas, mas que também permitem adaptar, automaticamente e sem alterações de código, uma app às tendências que vão sendo quantificadas ao longo do tempo.
No limite, um utilizador pode ver uma app de uma forma – e o colega do lado entrar na mesma app e deparar com um visual e uma hierarquia de conteúdos totalmente diferente. E na verdade ambos estarão a usar a mesma app.
«Na versão que estamos a desenvolver agora, ainda é o gestor da app que decide quais os moldes que devem ser seguidos para alcançar determinados objetivos. No futuro, esse mesmo gestor só terá de dizer quais os objetivos que quer alcançar e, se quiser, deixar a nossa tecnologia implementar a melhor forma para chegar a esses objetivos», explica Alexandre Vaz, mentor e diretor-executivo da Liquid.
De uma única assentada, a Liquid juntou dois “mundos” que costumam viver tão separados quanto dois escritórios de uma mesma empresa: de um lado, encontra-se a monitorização de eventos e de atividades dos internautas; do outro encontra-se o design do site e as políticas de usabilidade e o desenvolvimento de funcionalidades e interfaces. A Liquid pretende que ambas áreas passem a funcionar de forma articulada na mesma plataforma. A solução promete abrir caminho à adaptação automatizada e dinâmica dos conteúdos aos gostos pessoais de cada internauta e, eventualmente, a reduções nos custos de manutenção de cada app.
Alexandre Vaz admite que a ideia possa ter criado alguns “inimigos”, mas nega que a nova ferramenta seja uma ameaça para os programadores: «A solução da Liquid também pode ser encarada como mais uma ferramenta que ajuda os programadores que têm de gerir uma app».
Na Liquid, há a intenção de aprender com o mercado: Alexandre Vaz não revela o número de solicitações da versão beta da nova plataforma. Apenas refere que «foi um número simpático, que permite ficar muito confortável durante esta fase de beta». Entre os pedidos, destaca-se o de um potencial concorrente. Alexandre Vaz admite que possa ser um impulso típico de um concorrente mais agressivo, mas também não fecha as portas se dali sair uma potencial parceria.
Em junho, a Liquid terá oportunidade de auscultar o epicentro do turbilhão tecnológico com uma passagem por Silicon Valley, EUA – mas a expectativas mantêm-se centradas no lançamento da primeira versão comercial da plataforma que deverá chegar ao mercado no pico do verão. O modelo de negócio já está definido: «por enquanto é uma solução gratuita. No futuro, vamos cobrar apenas quando o cliente excede um limite máximo de volume de dados», explica Alexandre Vaz.
A plataforma da Liquid é disponibilizada em regime de cloud computing. Para a usarem, os produtores de apps apenas têm de instalar um conjunto de ferramentas de sistema (SDK) e, através de uma configuração, converter «variáveis constantes em dinâmicas» nos códigos das aplicações. Por enquanto, a solução apenas está disponível para iOS e Android.
Alexandre Vaz admite que se trata do princípio de um projeto que já garantiu financiamento da Faber Ventures e da Portugal Ventures: «Se acharmos que faz sentido, podemos desenvolver esta tecnologia para caixas ATM (vulgo “multibanco”), smartTV, Javascript ou outras tecnologias Web. Para isso, basta que criemos um SDK para cada uma das áreas».