


O conceito começou a ser explorado com smartphones Galaxy S3, S3 Mini e S4, da Samsung, mas também já começou a ser aplicado a dispositivos que têm menos recursos tecnológicos e que custam entre 100 e 150 euros. Tanto nos topos de gama como nos dispositivos de gama mais baixa, há um ponto em comum: «Com o GoPhoneLive, o software é adaptado às necessidades dos utilizadores de idade mais avançada, mas é usado um smartphone normal», explica Rui Castro, líder da equipa do Fraunhofer Portugal que desenvolveu a plataforma que suporta o GoLivePhone.
A plataforma desenvolvida pelo laboratório portuense pretende funcionar como um produto exemplar no que toca ao posicionamento do Fraunhofer Portugal: além de dar resposta às necessidades dos consumidores seniores, a adaptação do Android foi feita com o objetivo de ser entregue a “terceiros” que ficarão responsáveis pela exploração comercial (a Fraunhofer Portugal dedica-se em exclusivo à investigação).
Depois da publicação de um primeiro paper científico, eis que a plataforma despertou o interesse de dois empreendedores holandeses que decidiram avançar com a marca GoLivePhone, através da empresa Gociety.
Nos últimos meses, a empresa holandesa tem vindo a negociar com vários operadores europeua a comercialização desta plataforma que, devido à lógica modular, tem potencial necessário para ser adaptada aos requisitos técnicos de qualquer telemóvel Android. Reino Unido, Espanha e Holanda são os mercados europeus em que deverão começar a ser comercializados os primeiros “telemóveis normais” que correm uma versão do Android que respeita as necessidades dos mais idosos.
Sobre uma eventual estreia em Portugal, Rui Castro responde: «basta que um operador queira apostar nesta solução».
O investigador do Fraunhofer recorda que o GoLivePhone pretende atuar como uma alternativa mais atrativa aos telemóveis e smartphones que respeitam os requisitos dos utilizadores mais idosos, mas exigem a inclusão de teclados e ecrãs de maior dimensão, que podem produzir uma imagem «estigmatizante».
Além de não exigirem hardware específico, a GoLivePhone tem ainda a vantagem de incluir funcionalidades específicas e estabelecer, de acordo com as necessidades típicas dos utilizadores seniores, hierarquias entre as diferentes aplicações. «Por exemplo, podemos estabelecer que a aplicação que lança alertas para a toma de medicamentos nunca possa ser desativada, nem que nenhuma outra aplicação se possa sobrepor», sublinha Rui Castro.
Deteção de movimentos, caminhadas, viagens de bicicleta ou alertas relacionados com o tempo inusitado de imobilização são outras das funcionalidades do GoLivePhone, que têm por base a informação fornecida pelos sensores internos de cada telemóvel.
A estas funcionalidades, Rui Castro junta mais duas que poderão fazer a diferença aquando da estreia comercial: «A plataforma permite que um familiar localize o utilizador idoso e defina áreas de segurança que não devem ser transpostas; e há ainda uma funcionalidade de configuração remota do telemóvel, que permite que alguém mais novo ou com mais experiência possa ajudar o utilizador sénior a adaptar o telemóvel às necessidades do dia-a-dia».