Hugo Teso já tem carreira feita como piloto de aviões, mas depois da apresentação que fez na conferência Hack In The Box, de Amesterdão, Holanda, é bem provável que passe a ser mais conhecido por ter conseguido encontrar uma forma de atacar os sistemas de gestão de voo que são usados em aviões comerciais.
Durante a conferência, o piloto que é também hacker ao serviço da empresa 48Bits deu a conhecer um simulador criado a partir de componentes comprados no eBay e desenvolveu um método de ataque que permitiu inserir coordenadas de navegação falsas nos sistemas que costumam ser usados para gerir o voo de um avião.
Segundo a BBC, Hugo Teso passou os últimos quatro anos a trabalhar neste teste de segurança. No final, fez um balanço pouco animador: «Já estava à espera de descobrir falhas de segurança, mas não esperava que fossem tão fáceis de encontrar. Esperava que fossem difíceis de explorar, mas nunca julguei que fosse assim tão difícil».
HUgo Teso criou um simulador com componentes que ainda hoje estão em uso. O que levanta uma questão quanto às medidas de segurança da aviação comercial: se um investigador consegue comprar componentes no eBay, e testar várias aplicações e sistemas operativos sem outro objetivo para além da análise laboratorial, então organizações menos bem intencionadas, com mais recursos disponíveis, também não terão dificuldade em testar ferramentas similares para lançar eventuais ataques a aviões.
As autoridades já se pronunciaram sobre esta “descoberta”: a Agência Europeia de Segurança na Aviação (EASA) e Administração Federal de Aviação, dos EUA, já garantiram que as vulnerabilidades denunciadas pelo investigador da 48Bits não têm aplicação na realidade e não põem em risco a segurança dos aviões que hoje cruzam os céus de todo o mundo. Mas, mera precaução ou alerta eminente, as duas entidades já se disponibilizaram a conhecer em detalhe as ditas falhas de segurança.
Para evitar alarmismos, a EASA relembrou um pormenor que distingue o simulador criado por Hugo Teso e os sistemas instalados numa cabine de piloto de avião: o simulador tem por base simulações que correm num PC e por isso não refletem todas as condições técnicas dos sistemas usados nos aviões.