Durante anos, o par Microsoft/Intel deu cartas na indústria das Tecnologias de Informação (ao ponto de ter sido cunhado o termo Wintel para designar o domínio das empresas). Depois, com o advento dos smartphones, ambas ficaram para trás, nos anos 2000 e 2010. Agora, com a Microsoft a recuperar o ritmo, a Intel ainda está com dificuldades. É disso que dá conta Bill Gates que, numa entrevista à Associated Press, considera que as rivais Nvidia e Qualcomm lideram na Inteligência Artificial e nos processadores para smartphones e a TSMC destaca-se nas tecnologias de produção.
“Estou estupefacto que a Intel basicamente tenha perdido o rumo. O Gordon Moore sempre manteve a Intel na vanguarda. E agora estão para trás em termos de design de chips e para trás na fabricação de chips. Acho que o Pat Gelsinger foi muito corajoso ao dizer: ‘Não, vou corrigir o lado do design, vou corrigir o lado do fabrico’. Esperava, para o seu bem, para o bem do país, que fosse bem-sucedido. Esperava que a Intel recuperasse, mas parece ser muito difícil agora”, afirma Gates. De recordar que Pat Gelsinger saiu da Intel em dezembro.
Depois de perderem o ‘comboio’ dos smartphones, Intel e Microsoft puderam capitalizar com outras tendências grandes do mercado, como a Inteligência Artificial e os centros de dados. A Microsoft conseguiu recuperar o fulgor de outros tempos, sobretudo com a IA, mas a Intel não aproveitou a oportunidade e, apesar de vender processadores para as estações do 5G, não conseguiu beneficiar da transição para o 5G como outros players do mercado.
A empresa está a reduzir custos e despediu mais de 15 mil trabalhadores nos últimos 15 anos. Apesar de uma falência ainda ser um cenário distante, dadas as instalações que possui e por ainda ter uma fatia de leão dos processadores de computadores e centros de dados, a Intel enfrenta um futuro incerto para os próximos tempos.