Kelly Ortberg, o novo CEO da Boeing, está a desenhar uma estratégia empresarial que pode passar pela venda do negócio da exploração espacial. A fabricante que ajudou a pôr o Homem na Lua agora quer sair da corrida espacial. Os atrasos e derrapagens orçamentais dos projetos que visam o Espaço, aliados ao desastroso cenário relacionado com a missão Starliner que falhou no transporte e regresso de dois astronautas, fazem com que este seja o caminho a ser equacionado.
A Boeing está imersa numa grande crise financeira, com o maior sindicato de trabalhadores a ter rejeitado duas revisões de contratos e a manter uma greve que está a parar a maior parte da produção de aviões.
Algumas fontes próximas avançam ao The Wall Street Journal que a intenção da Boeing passa por manter a supervisão do projeto do Space Launch System, um grande foguetão encomendado pela NASA para as próximas missões de exploração lunar. Este foguetão já realizou voos de teste, mas a fabricante está a tentar resolver desafios relacionados com a produção e com o controlo de qualidade do produto final.
A participação na United Launch Alliance, onde está a meias com a Lockheed Martin e onde se desenvolvem foguetões como o Vulcan Centaur, de forma independente das empresas-mãe, pode também ser suspensa.
“Estamos melhores se fizermos menos e bem, do que se tentarmos fazer muito e não conseguirmos. Como queremos que esta empresa se pareça daqui a cinco ou dez anos? Estas coisas adicionam valor ou distraem-nos?”, explicou Ortberg aos analisas na semana passada. O executivo admite que está a considerar vendas de bens e está a avaliar os programas mais problemáticos. Somente o negócio comercial nuclear e os contratos com a Defesa dos EUA estão a salvo, tudo o resto pode vir a ser vendido.
Ortberg despediu no mês passado o responsável pelo negócio de defesa e Espaço da Boieng, depois de terem sido reportados prejuízos de 3,1 mil milhões em receitas de 18,5 mil milhões de dólares nos primeiros nove meses do ano.
Com a desastrosa atuação do Starliner, a NASA já confirmou que a Boeing não deve voar em 2025, o que deve ajudar a reforçar a necessidade de venda.