Um compositor de Estocolmo é a figura ‘escondida’ por trás de mais de 650 nomes de artistas no Spotify e as suas criações já foram tocadas mais de 15 mil milhões de vezes na plataforma. O jornal sueco Dagens Nyheter revelou a identidade de Johan Röhr e conta que este assume na plataforma nomes como Maya Åström, Minik Knudsen, Mingmei Hsueh ou Csizmazia Etel.
Este conjunto de identidades coloca Röhr no top 100 de artistas mais reproduzidos no mundo e com volumes acima dos que são conseguidos por artistas de renome como Michael Jackson, Metallica ou Mariah Carey. Muito do sucesso deste compositor deve-se à presença em mais de cem listas de instrumentais curadas pela própria Spotify, com temas como ‘peaceful piano’ ou ‘stress relief’, listas escolhidas pelos utilizadores como pano de fundo enquanto realizam outras atividades.
A Spotify pagou mais de 6,5 mil milhões de euros para a indústria da música no ano passado, com Daniel Ek, o diretor executivo da empresa, a congratular-se porque “muitos novos e promissores artistas estão a subir por causa da Spotify e conseguem finalmente viver às custas da música”. No entanto, o The Guardian lembra que há críticos a apontar que casos como os de Röhr, que dominam silenciosamente o mercado, são contra o espírito da Spotify em apoiar músicos, editoras e compositores mais pequenos e independentes.
O valor recebido por Röhr e a sua editora Overtone Studios por parte da Spotify não foi revelado, mas a editora registou 2,2 milhões de euros de faturação no ano de 2022. “Acreditamos que artistas com talento diverso devam ser capazes de publicar música sob nomes diferentes – o que é comum na indústria – chegando a vários géneros e tons, com diferentes colaborações, em pontos diferentes da sua jornada musical. Permite-lhes desencadear o seu potencial criativo e a Overtone Studios foca-se em fornecer uma parceria igualitário com divisão de royalties em 50%/50% e ajuda a nossa grande lista de artistas a subsistir na indústria”, explica a editora.
Do lado da Spotify, um porta-voz assume que “há um interesse crescente em música funcional, criada para melhorar as atividades do quotidiano como o relaxamento, o foco ou o estudo e estas listas de reprodução vão ao encontro dessa procura”.