Elon Musk agitou as águas há uns meses quando apresentou uma oferta de compra da Twitter por 44 mil milhões de dólares. Na semana passada, no entanto, o executivo retirou a oferta, motivando uma reação da Twitter, que afirmou a intenção de levar Musk aos tribunais para o pressionar a cumprir o acordo previamente estabelecido e manter a compra. Agora, um documento de 62 páginas deu entrada no Tribunal de Chancery, Delaware, nos EUA precisamente nesse sentido.
A Twitter alega que a desvalorização da Tesla, que chegou a valer 100 mil milhões em novembro de 2021, é a razão principal para Musk desistir agora da compra. O empresário é ainda acusado de ter adotado um “modelo de hipocrisia” para justificar a desistência. “Musk parece acreditar que ele – ao contrário de todas as outras partes sujeitas à legislação de Delaware – pode mudar de ideias, arrasar uma empresa, perturbar as suas operações, destruir valor dos acionistas e ir embora”, lê-se no documento.
Elon Musk, por seu lado, alega que a Twitter não conseguiu entregar dados sobre quantas contas falsas e de spam existem na plataforma, algo considerado essencial tendo em conta que a principal fonte de receita são os anúncios publicitários. A plataforma defende-se dizendo que estima que sejam 5% dos 229 milhões de utilizadores diários, número de que Musk desconfia.
Segundo a queixa agora apresentada, a Twitter explica que Musk sabia que os números apresentados teriam sempre algumas particularidades a ser consideradas e que a informação teria de ser exigida com uma “motivação razoável de negócio”. A empresa considera que o pedido de mais detalhes foi feito precisamente para “afundar a compra” e para ser usada como “escape”.
Outra acusação da empresa prende-se com as mensagens que o executivo tem vindo a publicar na própria plataforma e que podem estar a violar o acordo de confidencialidade. Musk respondeu com um emoji de ‘cocó’ quando o CEO da Twitter Parag Agrawal descreveu detalhes sobre a forma como a plataforma combate as contas de spam.
No processo, podemos ler que “para Musk, parece que a Twitter, os interesses dos acionistas, a transação com que concordou e o processo judicial para forçar a execução constituem uma piada elaborada”.
O New York Times avança que a Twitter pede um julgamento célere, de quatro dias, em setembro. O acordo de compra previamente estipulado define que a empresa e Musk têm até 24 de outubro para concluir o negócio que terá de ser aprovado numa reunião especial com os acionistas.