Grupos organizados estão a mobilizar-se para tentar resgatar e preservar diversas formas de cultura digital da Ucrânia, antes que as tropas russas destruam os locais onde estão os computadores e servidores que atualmente guardam estes conteúdos. São mais de 1300 voluntários que se deslocam aos locais e tentam salvar os servidores ou sistemas de armazenamento onde estão alojados sites ucranianos ou outras formas de cultura. Anna Kijas, bibliotecária na Universidade de Tufts, nos EUA, escreveu no Twitter a 26 de fevereiro, pouco tempo depois do início da invasão, sobre um evento de resgate de dados marcado para março. Desde então, multiplicam-se os esforços em várias direções.
Antes desse evento, Kijas reuniu-se com Quinn Dombrovski e Sebastian Majstorovic, entre outros interessados que trouxeram capacidade de armazenamento na nuvem e apoio técnico para esta iniciativa. Os três mentores desenvolveram tutoriais, construíram um site e lançaram o projeto SUCHO, de Saving Ukrainian Heritage Online. Em apenas uma semana, o número de voluntários interessados passou os 1000, noticia a publicação Spectrum IEEE.
Entre os apoiantes institucionais da iniciativa, estão a Association for Computers and the Humanities, a European Association of Digital Humanities e a Europeanna. Os fundos recolhidos servem para cobrir, por exemplo, custos com servidores. Até à data, o grupo conseguiu salvar mais de 10 TB de dados, incluindo 15.000 imagens e PDF e partes de mais de 3000 páginas web.
As equipas deslocam-se aos locais óbvios, como museus e instituições culturais, mas também percorrem caminhos online em serviços como o Google Maps para encontrar locais que possam ter conteúdo relevante, como por exemplo, estúdios de dança onde possam estar guardados vídeos de performances ou galerias de arte que possam ter catálogos digitais.
O esforço de preservação passa por submeter os endereços URL relevantes para a Wayback Machine, uma iniciativa do Internet Archive, e os voluntários recorrem a soluções de código aberto como o Webrecorder e aos seus próprios sistemas de armazenamento para guardar tudo, desde servidores, portáteis usados e hardware com circuitos Raspberry Pi.
A iniciativa tem mais de 1300 participantes ativos e já conta com uma lista de espera de mais voluntários.