A quinta maior marca mundial de smartphones, segundo dados da IDC, Gartner e Counterpoint, vai passar a estar oficialmente no mercado português. A Exame Informática falou com Carlos Mellado, diretor Go-To-Market da Vivo para Portugal e Espanha, e da conversa transparece a ideia clara de que esta é uma aposta a longo prazo, remetendo as quotas de mercado para um plano secundário. Como fatores diferenciadores, a gigante chinesa refere, por exemplo, a relação próxima com a Google para disponibilizar atualizações que permitam prolongar a vida dos equipamentos, o facto dos dados dos utilizadores ficarem nos data centers que a marca possui na Alemanha e a aposta em funcionalidades que tenham um impacto real na experiência de utilização em vez de recorrer a chamarizes de marketing que depois, na prática, acrescentam muito pouco ao consumidor.
Exame Informática: O que levou a Vivo a decidir entrar oficialmente no mercado português agora?
Carlos Mellado: Temos uma filosofia clara na empresa que diz “Fazer as coisas certas da maneira certa” e decidimos que este é o momento para começar a trabalhar o mercado português para iniciar o ‘brand awareness’ [Nota de redação: tornar a marca mais conhecida para potenciais clientes, em tradução livre] e também para ganhar a confiança dos consumidores. Este é o momento certo e vamos fazê-lo passo a passo. Estamos a trabalhar na criação de uma equipa local, que conheça o mercado português. Também já trabalhamos com a Meo há alguns meses e os resultados têm sido bons.
Que modelos de smartphones irão disponibilizar em Portugal?
Nos dispositivos Vivo temos três famílias. A família X é vocacionada para os pioneiros, as pessoas que precisam de uma experiência de fotografia profissional, razão pela qual desenvolvemos um equipamento com co-engenharia da Zeiss, que também inclui um gimbal com uma tecnologia de estabilização desenhada por nós que aumenta a estabilidade das fotografias em 300% quando comparado com o standard OIS. Nesta família X também temos tecnologias diferentes focadas primordialmente na fotografia para aumentar a qualidade da fotografia em ambientes com pouca luz. Pelo que vi, o X60 apresenta os melhores resultados do mercado em ambientes com pouca luz. E, em termos de especificações, falamos de um dispositivo que pode ser equiparado com qualquer outro do mercado. Tem um dos melhores chipsets da Qualcomm, muito boa configuração de memória (12 GB de RAM e 256 GB de armazenamento), o design é muito ‘cool’ – temos duas cores disponíveis, uma clara e uma escura – e temos uma funcionalidade de expansão de RAM, que permite chegar aos 16 GB de RAM [Nota: recorre ao espaço de memória de 256 GB para oferecer um ganho de desempenho temporário graças a uma espécie de RAM virtual] e aumentar a performance do dispositivo.
Temos também a família V, que está focada no design e na câmara selfie. Temos uma das melhores câmaras selfies do mercado com o V21 com 44 MP, estabilização ótica e flash duplo. Temos igualmente uma configuração poderosa nas câmaras traseiras, com 64 MP no sensor principal, 8 MP na ultra grande angular e 2 MP na macro. Além disso, temos um MediaTek Dimensity 800U que contribui para um menor consumo energético. A isto juntam-se 8 GB de RAM e 128 GB de armazenamento com a mesma funcionalidade do X60 de expansão da memória RAM.
Por fim, temos a família Y, que é de gama média. Os pilares para estes equipamentos são: design, são ‘trendy’ como se vê nos casos dos Y21, Y21s, Y33s e do Y55, que chegará em breve; câmara, que são das melhores para o segmento de preço; e bateria, com grande capacidade (até 5000 mAh) e carregamento rápido na maioria dos dispositivos, sendo que o carregador está incluído para que o consumidor possa usufruir desta funcionalidade sem investimentos adicionais.
Este é, sucintamente, o nosso portefólio, mas gostaria de sublinhar a nossa estratégia no software. Estamos a trabalhar de forma próxima com a Google para oferecer aos consumidores até três anos de atualizações de segurança. Na família X garantimos três atualizações de sistema operativo e duas nas famílias V e Y.
Já têm os acordos fechados a nível de distribuidores, operadores e retalho?
Como referi, começámos há uns meses com a Meo e agora estamos a tentar fechar mais parcerias.
Quais os objetivos a curto, médio e longo prazo em termos de quota de mercado e ‘brand awareness’?
O nosso principal objetivo é aumentar o ‘brand awareness’ e dar a conhecer aos consumidores portugueses o que significa a Vivo e o que lhes pode oferecer. E, além disso, ganhar confiança com os nossos produtos. Para começar a nossa história em Portugal, precisamos da confiança dos consumidores, caso contrário não faz sentido. Estamos focados no ‘brand awareness’ e na confiança, os resultados chegarão mais tarde. Para nós, seria ótimo se conseguíssemos ficar de fora da categoria Outros no barómetro da Gfk de quota de mercado no final do ano, mas iremos trabalhar nos dois pilares que mencionei.
Em termos de infraestrutura, a equipa espanhola cresceu muito depressa. É de esperar que o mesmo aconteça com a equipa para Portugal?
Seguramente. Essa é a ideia e filosofia da empresa. Quando começámos em outubro de 2020 em Espanha, éramos quatro pessoas e agora somos mais de 64 no escritório. O crescimento tem sido de acordo com os resultados e o plano é igual para Portugal. Estamos a começar a criar a equipa local e deverá crescer consoante as necessidades do mercado.
Na sua opinião, o que diferencia o consumidor português de outros?
Analisámos o consumidor português e vimos que é um consumidor muito inteligente, que, antes de finalizar a aquisição de um dispositivo, analisa e compara – não compram um telemóvel que não precisem. Por isso, pensamos que podemos oferecer boas escolhas para os preços que vamos apresentar. É um bom mercado para nós baseado na filosofia dos consumidores, porque eles percebem o que vão comprar e sabem o que precisam.