O setor financeiro é responsável por um terço da economia de 2,4 mil milhões de libras de Gibraltar. Dos 33 mil residentes, 82 trabalham nos organismos reguladores deste segmento e estão agora atarefados a rever uma proposta que permitirá que a empresa de blockchain Valereum compre o mercado de ações, criando o primeiro hub mundial onde ações ‘tradicionais’ são trocadas ao lado de grandes cibermoedas, como a bitcoin ou a dogecoin.
Noutras geografias, a posição tem sido de proibição completa de troca de cibermoedas ou de grandes avisos contra o investimento neste tipo de bens. Em Gibraltar, a mudança está a ser bem-vinda e Albert Isola, ministro para o digital e serviços financeiros do país, refere que estas medidas se destinam a separar os ‘maus atores’ e conferir alguma segurança e confiança aos investidores. “Se quiserem fazer coisas erradas em cripto, não vão querer estar em Gibraltar, porque aqui as empresas são licenciadas e reguladas”.
O The Guardian lembra que o regulador de Gibraltar já aprovou a operação de 14 criptomoedas e de empresas de blockchain no território e está agora a avaliar a proposta da Valereum para conseguir rentabilizar um setor de criptomoeda avaliado em mais de 3,5 biliões de dólares. A Valereum está baseada em Gibraltar e oferece soluções e tecnologias para ligar divisas tradicionais, como a libra ou o dólar, a bens digitais.
As autoridades e a empresa estão a colaborar para apurar as validações para detetar esquemas de lavagens de dinheiro e como regular este tipo de atividade, num projeto que está a ser seguido com atenção por outros países. “Se for um sucesso, é provável que outras jurisdições sigam o exemplo, porque é uma comodidade com valor crescente”, considera Neil Williams, responsável pela investigação de crimes complexos na Reed Solicitors.
Há ainda o risco de Gibraltar poder sofrer sanções de países como os EUA se acabarem por aprovar legislação que estes considerem insuficiente.
Charlie Steele, consultor da Forensic Risk Alliance, lembra que “pode permitir ou facilitar a lavagem de dinheiro, evasão de sanções, financiamento de terrorismo, portanto estão todos muito atentos. Os reguladores em todo o mundo, quase todos, estão a abordar este tema com profundo ceticismo… assim, é um pouco invulgar o pensamento de que um país esteja a dar as boas-vindas a uma empresa destas comprar todo o mercado de ações.”