Uma operação de grande escala, desenrolada entre junho e setembro deste ano, acabou na detenção de 1003 pessoas em 20 países (Portugal não esteve envolvido) e na apreensão de 27 milhões de dólares – cerca de 23,7 milhões de euros ao câmbio atual. Alguns destes detidos são acusados de serem operadores de um esquema fraudulento conhecido por BEC (de business e-mail compromise ou corrompimento de e-mail corporativo, em tradução livre), explicou a Interpol, e outros estão alegadamente envolvidos em esquemas de romance, fraude de investimentos e lavagem de dinheiro, maioritariamente conduzidos por e-mail.
A operação, batizada de HAECHI-II, apontou mira a operadores que se acredita estarem ligados de alguma forma a piratas informáticos da Coreia do Norte. Um dos casos investigados acabou com perdas de oito milhões de dólares de uma “empresa proeminente do setor têxtil”, enquanto outro envolveu um malware que usava o nome e a marca de Squid Game, fenómeno da Netflix, para ganhar acesso a contas bancárias e autorizar pagamentos para subscrições de custo elevado, explica a publicação Gizmodo.
A operação das autoridades foi coordenada pela Interpol e foi uma oportunidade para se testar um novo sistema chamado ARRP (de Protocolo Anti-Lavagem de Dinheiro de Resposta Rápida, em português), com o qual se pretende criar uma rede que rapidamente atua e interceta pagamentos suspeitos.
Os esquemas BEC têm como alvo indivíduos que são enganados para de alguma forma permitirem aos hackers entrar nos sistemas das suas organizações. O FBI estima que este tipo de esquemas foi responsável por 1,8 mil milhões de dólares em perdas registadas em 2020, só em empresas e organizações dos EUA.
Na primeira operação do género, a HAECHI-I, que decorreu entre setembro de 2020 e março de 2021, foram feitas 585 detenções, apreendidas 1600 contas bancárias e 83 milhões de dólares.